Donald Trump: depreciação da moeda dos "inimigos" e valorização dos "amigos" (Mike Segar/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 17h43.
Última atualização em 10 de janeiro de 2017 às 17h44.
São Paulo — Donald Trump passará a comandar a maior economia do mundo no próximo dia 20, mas, desde que venceu as eleições nortes-americanas, já foi capaz de influenciar o câmbio de muitos países.
De acordo com um levantamento do site Visual Capitalist, a moeda mais afetada pelo “efeito Trump” foi o peso mexicano, que desvalorizou 13,4% frente ao dólar desde o início de novembro.
A depreciação da moeda mexicana reflete as incertezas dos investidores sobre o futuro da relação entre os dois países. Trump, que costuma usar um tom mais duro em relação ao vizinho latino, já criticou as empresas norte-americanas que mantêm operações no México e, recentemente, voltou a prometer a construção de um muro na fronteira.
Se a relação dos Estados Unidos com o México promete azedar, o mesmo não pode ser dito da Rússia. A promessa de uma aproximação com o país comandado por Vladimir Putin fez com que o rublo valorizasse quase 8% em relação ao dólar desde novembro.
A admiração de Trump por Putin é mais do que conhecida e já chegou a incomodar até mesmo os membros do Partido Republicano. Há alguns dias, serviços de inteligência dos Estados Unidos acusaram diretamente o presidente russo de ter interferido no resultados das eleições, ajudando o magnata nova-iorquino na corrida pela Casa Branca.
Veja o impacto de Trump nas moedas no infográfico abaixo.
Logo após a vitória de Trump, o real passou por um período de desvalorização. O comportamento, no entanto, não durou muito tempo. A moeda brasileira foi aos poucos ganhando força, influenciada, sobretudo, pela melhora nas expectativas em relação ao cenário econômico interno.
Nesta terça-feira (10), o dólar fechou cotado a 3,1986 reais — um dos menores níveis desde 8 de novembro, dia da eleição norte-americana, quando fechou a 3,16 reais.
A trajetória de queda do dólar, no entanto, pode estar com os dias contados. Segundo analistas, assim que Trump começar a colocar em prática seus planos de aumento de gastos, a moeda brasileira deve depreciar.
Isso porque uma política mais expansiva nos Estados Unidos pode incentivar o Federal Reserve, o banco central norte-americano, a aumentar novamente os juros. Com isso, o apetite dos investidores por países emergentes, como o Brasil, deve diminuir e levar a uma redução do fluxo de moeda estrangeira por aqui.