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O curioso caso da disparada da Ambipar: CVM entra no jogo e pressiona Trustee a fazer OPA

De acordo com área técnica da autarquia, gestora agiu em conjunto com controlador e ultrapassou o limite de 1/3 de ações em circulação

Ambipar: Ações saíram de R$ 15 no começo de 2024 para os atuais R$ 122 (Divulgação/Site Exame)

Ambipar: Ações saíram de R$ 15 no começo de 2024 para os atuais R$ 122 (Divulgação/Site Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 21 de março de 2025 às 11h09.

Última atualização em 21 de março de 2025 às 18h20.

*Atualizada às 18h20 para conter nota de esclarecimento da Ambipar

A valorização das ações da empresa de gestão ambiental Ambipar foi um dos casos mais impressionantes no último ano.

Puxadas por poucas transações a preços elevados, ao longo de 2024, a alta dos papéis passou de 1.000% – levando a empresa a valer mais de R$ 20 bilhões e entrando na lista das maiores empresas da bolsa brasileira em valor de mercado.

Diante das oscilações, a B3 chegou a determinar em alguns pregões que a ação negociasse apenas com leilões de hora em hora. Em alguns dias, o papel chegou a ficar em leilão por toda a sessão.

Agora, essa escalada das ações entrou no radar da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A autarquia determinou que a gestora Trustee terá de fazer uma oferta pelas ações dos minoritários da Ambipar. Segundo a CVM, a gestora, que aumentou sua cotação na empresa ao longo do ano passado, atuou em conjunto com o controlador da companhia, Tércio Borlenghi, que também tinha aumentado sua participação no período.

O pedido de registro da oferta pública de aquisição (OPA), para todos as ações em circulação, deve ser apresentado em até 30 dias, encerrados em 21 de abril.

O que aconteceu com as ações da Ambipar (AMBP3)?

A explosão da cotação da ação chamou a atenção do mercado e levantou questionamentos entre investidores. No início de 2024, a ação era negociada a R$ 15. Hoje, a Ambipar é cotada a R$ 122.

Tudo começou em julho de 2024, o fundador e controlador da Ambipar, Tércio Borlenghi, aumentou sua participação na companhia de 66% para 73%. Ao mesmo tempo, a companhia fazia fortes programas de recompra de ações.

Nos meses seguintes, a Trustee, em nome dos fundos de investimento que administra, foi ampliando sua fatia na empresa, chegando a ocupar uma posição significativa no capital da companhia. Ela aumentou sua participação de 6,6% para 11,03% em agosto de 2024.

O processo de aumento da participação reduziu a quantidade de ações em circulação, deixando pouco mais de 10% no freefloat.

A movimentação atípica das ações gerou preocupações em relação à transparência e governança, o que levou, agora, a CVM a intervir.

O que a CVM diz sobre AMBP3

De acordo com a área técnica da CVM, foi verificado que a Trustee atuou em conjunto com Tércio Bolenghi nas aquisições de ações entre julho e agosto de 2024, ultrapassando o limite de um terço das ações em circulação.

Com isso, pelas regras da autarquia, a gestora precisa fazer uma oferta por todas as ações da Ambipar. Ainda cabe recurso à decisão.

Em janeiro deste ano, a Trustee reduziu sua fatia para cerca de 8,98%. Por volta das 11h, as ações da Ambipar ainda negociavam em leilão.

Veja íntegra da nota de esclarecimento

A Ambipar recebeu com surpresa o comunicado divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinando que a Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. realize uma Oferta Pública de Ações (OPA) devido a um suposto aumento de participação acionária na companhia. A Ambipar, bem como seu controlador, Tercio Borlenghi Jr., atua em total conformidade com a legislação vigente e com as normas regulatórias estabelecidas para o mercado. A Ambipar buscará as devidas informações para tomar as providências cabíveis junto a esse órgão de controle.

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