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"O corte de juros acabou e Copom unânime deve favorecer o câmbio", diz Ettore Marchetti, da EQI

CEO da EQI Asset diz em entrevista ao Vozes do Mercado que não há condições para governo cumprir arcabouço fiscal, mas vê exagero no câmbio

Ettore Marchetti, CEO da EQI Asset: "o corte de juro acabou" (Leandro Fonseca/Exame)

Ettore Marchetti, CEO da EQI Asset: "o corte de juro acabou" (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 14 de junho de 2024 às 11h30.

Última atualização em 14 de junho de 2024 às 14h12.

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O Comitê de Política Monetária (Copom) voltará a se reunir na próxima semana, após oito cortes de juros consecutivos que levaram a taxa Selic de 13,75% para 10,5%. O consenso de mercado do Focus é de mais uma queda até o fim do ano, mas Ettore Marchetti, CEO da EQI Asset, não vê nenhum espaço para um novo corte de juros. "Não tem nem discussão. Acho que já está dada [a decisão de manter a taxa de juros] e que vai ser unânime", disse Marchetti em entrevista ao programa Vozes do Mercado, da Exame Invest. Com passagens pela Hedging-Griffo e Trafalgar, Marchetti está desde o fim de 2020 no comando da EQI Asset, com R$ 6 bilhões sob gestão.

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"Tecnicamente falando, olhando as expectativas [de inflação] e o câmbio, não há ambiente para corte. Para haver ambiente para corte, o câmbio teria que voltar, a curva de juros estabilizar, teríamos que ver um aceno fiscal e o Focus melhorar. Hoje já não se fala mais nisso."

Na avaliação de Marchetti, uma unanimidade na interrupção dos cortes de juros reduziria o ruído do mercado. Na última decisão, apenas os diretores indicados pelo atual governo não optaram pela redução do ritmo de cortes diante do aumento dos riscos inflacionários, o que gerou questionamentos entre investidores. Apesar de algum receio no mercado, Marchetti não vê riscos de interferência no Banco Central a partir do ano que vem, quando os indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva formarão a maioria no Copom.

"Não concordo com a tese de que 'virou o ano, virou a chavinha no BC'. A composição média do BC é muito boa e os nomes que o próprio governo indicou são nomes técnicos. Temos confiança de que o trabalho será muito próximo do que está sendo feito atualmente", diz o CEO da EQI Asset.

Embora confiante com o BC, Marchetti diz estar mais cauteloso quanto à dinâmica fiscal. "O novo arcabouço, se fosse entregue, seria uma boa saída possível. Mas nas condições atuais é impossível de entregar. O mercado está dando um recado para o governo."

A bolsa brasileira subiu em apenas cinco pregões nos últimos 30 dias, enquanto o dólar bateu a máxima desde janeiro de 2023, indo a R$ 5,40. Nas curvas de juros, dada a piora da perspectiva fiscal, o mercado passou a precificar alta até o fim do ano. Embora reconheça a preocupação do mercado, Marchetti acredita que tanto as taxas de curto prazo quanto o dólar tiveram reações exageradas. "A discussão de subir o juro este ano, mesmo o BC sendo independente, está fora de questão, dado o cenário atual. E o câmbio também é uma oportunidade. O Brasil está com US$ 100 bilhões de balança comercial e está bem posicionado na agenda de transição energética. Então, o real tem seu valor."

Federal Reserve

Para o exterior, a visão de Marchetti é de que o Federal Reserve poderá fazer um ciclo de cortes de juros mais rápido e intenso do que o esperado pelos próprios diretores do banco central americano. Pela projeção do Fed, divulgada nesta semana, será apenas um corte de juros neste ano, com a taxa encerrando 2025 em 4,25%. Para o CEO da EQI Asset, essa taxa poderia cair para até 3,75% e mais rápido do que o precificado no mercado. "A surpresa de crescimento econômico mais forte nos Estados Unidos tem sido a tônica dos últimos trimestres, mas acho que isso será um pouco diferente daqui para frente."

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