Bandeira com o logo do Nubank na frente do prédio da Bolsa de Nova York, no dia de estreia das ações da companhia (Nubank/Divulgação)
Beatriz Quesada
Publicado em 14 de novembro de 2022 às 06h03.
O Nubank (NUBR31), maior fintech do País, divulga seu balanço do terceiro trimestre nesta segunda-feira, 14, após o fechamento do mercado – e os analistas estão preocupados.
O tom cauteloso foi dado pelos resultados dos bancões brasileiros, divulgados na última semana. Todos registraram um aumento além do esperado da inadimplência na linha de concessão de crédito para pessoas físicas, especialmente em cartões de crédito e empréstimo pessoal, que são segmentos muito fortes no modelo de negócio do Nubank.
“Como o Nubank se concentrou nessas duas linhas de concessão [cartões e empréstimos sem garantias], vemos a fintech como um investimento excessivamente arriscado considerando os resultados do terceiro trimestre”, afirmaram os analistas do JPMorgan em relatório divulgado na última sexta-feira, 11.
No documento, os analistas rebaixaram a recomendação para as ações da fintech de “neutra” para “venda”. O principal argumento é que a deterioração generalizada na inadimplência pode atingir o Nubank com mais força.
Vale lembrar ainda que o Bradesco, segundo maior banco privado do País, perdeu R$ 30,7 bilhões em valor de mercado após apresentar seu balanço do terceiro trimestre, considerado um dos maiores fracos da história do banco.
Mesmo o Banco do Brasil, que tem uma carteira de crédito mais defensiva voltada para funcionários públicos, apresentou deterioração da inadimplência.
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O Goldman Sachs espera que
o Nubank continue mostrando uma deterioração do indicador de empréstimos não pagos, NPL (Non Perfoming Loan, na sigla em inglês), em linha com as tendências do setor bancário. No entanto, os analistas do banco acreditam que o problema pode ser compensado por uma melhor margem líquida de juros, aliada à reprecificação de empréstimos.
“Esperamos que a margem bruta e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) melhorem modestamente no trimestre. O Nubank tem provisões bem acima do nível de NPL, o que pode ser um vento favorável à medida que passamos por um ciclo de normalização do crédito”, afirmam os analistas em relatório. O documento foi divulgado no início do mês, antes da divulgação dos balanços dos bancões.
A expectativa do Goldman é que o ciclo de deterioração da inadimplência continue pressionando o setor bancário até o primeiro trimestre do próximo ano.
O Goldman espera um lucro líquido ajustado de US$ 34 milhões, o dobro dos US$ 17 milhões no trimestre passado e acima do consenso Bloomberg, que espera um resultado de US$ 12 milhões – queda de 29,4%.
O lucro líquido ajustado exclui a remuneração via opções de ações. No resultado não ajustado, a fintech teria prejuízo líquido de US$ 15 milhões para o Nubank, redução frente aos US$ 30 milhões registrados no trimestre passado.
A expectativa do Goldman é que o crescimento do volume total de transações (TPV) suba 78%. Já a participação no mercado de crédito pode subir para 12% no trimestre, segundo os analistas.
A previsão é que a quantidade total de clientes suba para 70,7 milhões, acima dos 65,3 milhões registrados no último trimestre. No mesmo período do ano passado, o Nubank tinha 48,1 milhões de clientes.
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