Cristina Junqueira, David Vélez e Edward Wible, cofundadores do Nubank, na cerimônia de estreia da empresa na Bolsa de Nova York | Foto: Divulgação (Nubank/Divulgação)
Beatriz Quesada
Publicado em 9 de dezembro de 2021 às 15h16.
Última atualização em 9 de dezembro de 2021 às 20h36.
As ações do Nubank (NU) fecharam em alta de 14,78%, negociadas a 10,33 dólares, em seu primeiro pregão na Bolsa de Nova York (NYSE), nesta quinta-feira, dia 9. O papel havia sido precificado ontem em 9 dólares para a estreia.
Com a forte alta, o valor de mercado do Nubank saltou de 41,5 bilhões de dólares para quase 52 bilhões de dólares, o equivalente a cerca de 290 bilhões de reais. Foi um ganho de 10,5 bilhões de dólares, ou 58,5 bilhões de reais ao câmbio desta quinta-feira.
O pregão foi aberto às 11h30, mas a primeira atualização só foi divulgada perto das 15h porque o papel entrou em leilão prévio para estabilização do preço. Nesse momento, a ação apontou uma alta de 25%, a 11,25 dólares.
Na B3, os BDRs (recibos das ações listadas em Nova York) do Nubank (NUBR33) fecharam em alta de 20,10%, negociados a 10,04 reais.
O banco digital levantou 2,6 bilhões de dólares com a oferta base do IPO. A forte alta no primeiro pregão corrobora na largada a demanda elevada no IPO. A oferta avaliou a fintech em 41,5 bilhões de dólares, valor acima do Itaú Unibanco (ITUB4), que, até ontem, era a maior instituição financeira do Brasil, avaliada em 37,9 bilhões de dólares.
“Nós éramos loucos: um grupo de pessoas trabalhando de casa achando que poderíamos desafiar as maiores companhias da América Latina. E, de alguma forma, aqui estamos nós”, afirmou o CEO e co-fundador do Nubank, David Vélez, durante a cerimônia de abertura de negociação dos papéis em Nova York.
Na contramão do Nubank, as ações de grandes bancos brasileiros fecharam em baixa nesta quinta-feira, em um dia de queda generalizada do próprio Ibovespa, que recuou 1,67%:
O valuation elevado na largada, endossado pela demanda firme de grandes investidores institucionais, não encontrou tanto respaldo de alguns analistas. Casas de análise consultadas pela EXAME Invest antes do IPO não recomendaram entrar na oferta por causa do preço considerado elevado em relação aos pares nacionais.
Mas houve gestoras que endossaram a tese de negócios do banco digital, um dos maiores do mundo. Foi o caso da gestora Catarina Capital, focada em investimentos em tecnologia. Na visão da gestora, há uma assimetria na comparação entre Nubank e Itaú, porque o tradicional banco ainda luta para modernizar seus processos financeiros, “muitos ainda datados dos anos de 1980, com custos anuais cada vez maiores para integração e atualização de sistemas”.
A avaliação da gestora é que o Nubank, diferentemente de bancos tradicionais, não precisa se transformar em áreas como experiência ao usuário e em processos internos. “O Nubank é uma empresa disruptiva frente às práticas e às tecnologias que são adotadas pelos bancos hoje, já com resultados reais e bastante expressivos de tração de usuários”, afirma a gestora em nota.
O IPO do Nubank gerou um recorde na atração de pessoas físicas: 815 mil participaram da oferta. Entre 48,1 milhões de clientes do Nubank, 7,5 milhões aceitaram receber gratuitamente um BDR do banco através do programa Nu Sócios.
A estreia do Nubank ocorreu em um momento difícil para as ações de tecnologia no exterior. Isso porque o apetite para as ações de alto crescimento diminuiu com a expectativa cada vez maior de elevação nas taxas de juros em meados de 2022. O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) sinalizou que pode acelerar o processo de retirada de estímulos monetários, abrindo espaço para uma elevação na taxa de juros antes do esperado.
Para Carlos Macedo, analista da Ohmresearch especializado no setor financeiro da América Latina, o momento de mercado aumenta o desafio do Nubank. “As escolhas por empresas de tecnologia serão cada vez mais criteriosas e as vencedoras precisam entregar o crescimento que estão propondo. Do contrário, a ação despenca”, afirmou.