Nubank chegou a 48,1 milhões de clientes no terceiro trimestre | Foto: Nubank/Divulgação (Nubank/Divulgação)
Marcelo Sakate
Publicado em 1 de novembro de 2021 às 07h59.
Última atualização em 1 de novembro de 2021 às 10h42.
Acabou o mistério no IPO do ano. O Nubank buscará um valuation acima de US$ 50 bilhões com o seu aguardado IPO (oferta pública inicial) na Bolsa de Nova York, já contando a emissão de BDRs (recibos de ações listadas no exterior) na B3.
O banco digital, um dos maiores do mundo e fundado em 2013 pelo colombiano David Vélez, a brasileira Cristina Junqueira e o americano Edward Wible, pretende movimentar até US$ 3,657 bilhões de dólares com a oferta.
As informações se tornaram públicas nesta segunda-feira, dia 1º de novembro, no filing (documento) para o IPO registrado na SEC (Securities and Exchange Commission, o equivalente à CVM nos Estados Unidos) pela Nu Holdings.
Serão negociadas até 332,523 milhões de ações de classe A, ao preço estimado entre 10 e 11 dólares. Não serão vendidas ações de classe B (cujo poder de voto é equivalente à de 20 ações de classe A somadas), que continuarão em poder dos principais acionistas do banco, entre eles justamente Vélez e Junqueira (leia abaixo sobre as suas fatias).
Serão 289,151 milhões de novas ações de classe A que serão emitidas e até 43,373 milhões de ações de classe A que poderão ser vendidas pelos atuais acionistas. O ticker para a ação em Nova York será NU.
Se os valores buscados se confirmarem, o Nubank estreará como empresa de capital aberto com um valor de mercado acima de 282 bilhões de reais, ao câmbio da última sexta-feira, dia 29. Será o maior banco do país por esse critério, superando o Itaú Unibanco (ITUB4), que encerrou a sexta com 217,2 bilhões de reais em valor na B3.
O Bradesco (BBDC4), segundo maior banco do país, tem valor de mercado de 179,3 bilhões de reais.
A oferta prevê ainda a venda de BDRs na B3, que serão equivalentes a 1/6 de uma ação de classe A ao preço estimado de 9,35 e 10,26 reais.
Esses ativos, com o ticker NUBR33, serão oferecidos para investidores de varejo e para clientes de seu programa de relacionamento com clientes, o NuSócios, com pedidos de reserva no período de 9 de novembro a 5 de dezembro ou até que o lote oferecido acabe.
No segundo caso, será distribuído até um BDR por cliente, totalizando um valor entre 180 milhões e 225 milhões de reais para o programa.
O período de reserva da oferta para investidores no Brasil vai de 17 de novembro a 7 de dezembro, com fixação do preço do BDR no dia seguinte. A estreia do Nubank em Nova York e no Brasil está prevista para 9 de dezembro.
O filing revela que o banco digital chegou ao terceiro trimestre com 48,1 milhões de clientes contando as operações no Brasil, na Colômbia e no México. A média mensal de novos clientes atingiu 2,1 milhões ao mês com base nos dados desse período (julho a setembro), dos quais de 80% a 90% de forma orgânica.
Da base de 48,1 milhões de clientes, 35,3 milhões são considerados usuários ativos mensais, o que sinaliza que a execução do plano estratégico de ampliar o número de produtos e serviços está surtindo efeito no objetivo de elevar o engajamento dos clientes e, consequentemente, rentabilizar a operação.
Essa é uma das principais dúvidas do mercado a respeito do potencial da operação do Nubank, que, em seus primeiros anos, foi conhecido e ganhou escala rapidamente com apenas um produto, o cartão de crédito.
A chamada ARPAC (receita média mensal por cliente ativo) ficou em 4,9 dólares nos três meses encerrados em setembro. O valor sobe para a faixa entre 23 e 34 dólares em setembro passado para clientes com maior relacionamento, incluindo o cartão de crédito, a conta e empréstimos.
Ainda assim, há um desafio pela frente para elevar esses valores com um modelo que não cobra tarifas de serviços dos clientes. Nos bancos incumbentes, na média mensal do primeiro semestre, o valor é dez vezes maior.
No período de nove meses de janeiro a setembro, o Nubank alcançou a marca de 5,665 bilhões de reais em receitas, mais do que o dobro (108%) do que os 2,718 bilhões de reais no mesmo período de 2020.
O prejuízo no período também cresceu: chegou a 528,4 milhões de reais, ou 61% acima dos 327,7 milhões de reais um ano antes.
O prospecto para a oferta revela outras informações até então desconhecidas -- e de interesse do mercado --, como a divisão do capital do banco.
Vélez é o principal acionista do Nubank, com 86,2% das ações de classe B (que equivalem a 75,8% do direito a voto do banco), seguido por Junqueira, com 10,7% (e 9,4% do direito a voto).
São percentuais que serão mantidos praticamente inalterados mesmo após com a oferta: Vélez e Junqueira terão 75,0% e 9,3% do poder de voto, respectivamente.
Morgan Stanley, Goldman Sachs e Citi são os bancos coordenadores da oferta global. O NuInvest (o braço de investimentos do Nubank) coordena a distribuição no Brasil.
(Com a Reuters)