Sede do Nubank na avenida Rebouças, em São Paulo: receita líquida da fintech atingiu US$ 1,2 bi (Nubank/Divulgação)
Beatriz Quesada
Publicado em 15 de agosto de 2022 às 18h27.
Última atualização em 15 de agosto de 2022 às 19h19.
O Nubank (NUBR33), maior fintech da América Latina, teve lucro líquido ajustado de US$ 17 milhões no segundo trimestre deste ano, segundo balanço divulgado na noite desta segunda-feira, 15. O valor foi 3% maior do que os US$ 16,5 milhões registrados no mesmo período do ano anterior.
O lucro líquido ajustado exclui a remuneração via opções de ações. No resultado não ajustado, a fintech teve prejuízo líquido de US$ 29 milhões, aprofundando os US$ 17 milhões de prejuízo registrados no mesmo período do ano passado. O valor, no entanto, representa uma melhora frente aos US$ 45,1 milhões de prejuízo registrado no primeiro trimestre do ano.
O Nubank divulgou ainda que a operação brasileira já é rentável e acumulou lucro líquido de US$ 13 milhões no acumulado do primeiro semestre do ano – lucro líquido ajustado de US$ 60 milhões. Ainda assim, o principal objetivo da fintech continua sendo apostar na tese de crescimento, em que a empresa queima caixa para ganhar e consolidar mercado, de olho em ganhos maiores no longo prazo.
“Estamos investindo muito em novas verticais e novos produtos. Nossa operação já é lucrativa no Brasil e estamos investindo esse lucro em nossas operações no México e na Colômbia, países que estão crescendo muito. Estamos super contentes em continuar investindo no longo prazo”, destaca David Vélez, fundador e CEO de Nubank, em entrevista.
A fintech reportou ainda uma receita líquida recorde, de US$ 1,2 bilhão, um crescimento de 230% na comparação anual. Segundo Vélez, o resultado pode ser explicado pela combinação de dois fatores: crescimento no número de clientes e engajamento da base.
A empresa adquiriu 5,7 milhões de novos clientes no segundo trimestre, chegando a 65 milhões de pessoas na base.
Já a receita média mensal por cliente ativo — ARPAC, na sigla em inglês —, que indica se o banco digital é capaz de monetizar sua base, avançou de US$ 4 por cliente no segundo trimestre de 2021 para US$ 7,8 no mesmo intervalo deste ano. O valor também ficou acima dos US$ 6,7 por cliente registrados nos primeiro trimestre.
O CEO destaca ainda que a alta da taxa básica de juros, a Selic, não tem afetado a margem financeira da fintech.
“Nossa margem financeira vem aumentando trimestre a trimestre neste ambiente [de juros mais altos], indo de quase 5% para 9,7% nos últimos doze meses. Estamos conseguindo passar o aumento de juros para os clientes e também reduzindo o custo de funding [captação]. Isso significa uma expansão na margem financeira”, diz.
Já o crescimento da carteira de crédito da fintech desacelerou, crescendo de US$ 8,8 bilhões para US$ 9,2 bilhões, com uma abordagem mais conservadora na concessão de crédito. O aumento mais relevante neste sentido foi a elevação das taxas de cerca de 4% para 5,6%.
Segundo Guilherme Lago, diretor financeiro (CFO) do Nubank, a reprecificação compensou o aumento da taxa Selic no período, que saltou de 2,75% para 11,75% ao ano entre o segundo trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano.
“Falamos muito de inadimplência, mas é preciso olhar a operação com crédito como um todo. E quando olhamos a rentabilidade, o cartão de crédito tem um retorno sobre o capital acima de 80% e crédito pessoal tem uma rentabilidade acima de 120%”, afirma.
“A rentabilidade é muito saudável, e a resiliência do crédito é alta. Isso significa que a inadimplência pode mais do que dobrar e, mesmo sem aumentar juros, essas operações de cartão de crédito e de crédito pessoal seguem sendo rentáveis”, completa.
A inadimplência, por sinal, voltou a avançar. O índice que indica atrasos de pagamentos acima de 90 dias avançou para 4,1% no trimestre, 0,6 pontos percentuais (p.p.) acima dos 3,6% registrados no ano passado. O crescimento de 0,6 p.p. ficou em linha com o aumento da inadimplência de outros pares bancários.
As ações do Nubank na NYSE e os BDRs negociados na B3 fecharam a sessão desta segunda em forte alta, com investidores aguardando a divulgação do resultado trimestral. As ações subiram 10,12%, enquanto os BDRs avançaram 9,75%.
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