As perdas, porém, são virtuais, e só se tornarão efetivas se o investidor tiver de resgatar o papel hoje (Marcos Santos/usp imagens)
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2013 às 18h14.
Os papéis prefixados ou corrigidos pela inflação continuam sofrendo o impacto da alta dos juros. Como as taxas dos mercados futuros e desses títulos dispararam nos últimos 30 dias, os papéis antigos, com juros mais baixos, perdem valor para se ajustar. Quanto maior o prazo do papel, maior o impacto no preço atual.
É o caso das Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), corrigidas pelo IPCA mais juros fixos. Os títulos que pagam os juros apenas no final, as NTN-B Principal, vendidas para pessoas físicas no sistema do Tesouro Direto, apresentam perdas de até 21,67% em 30 dias para os papéis com vencimento em 2035.
O fato de os juros serem pagos no final também aumenta o impacto, já que eles entram na conta do valor presente do título. O papel para 2024 tem queda de 12,17% e, para 2019, de 7,1%.
Já as NTN-Bs tradicionais, que pagam juros a cada semestre, têm perdas menores, mas que chegam a 16,45% nos papéis mais longos, que vencem e 2050. Para 2035, a perda é de 13,40%.
Nos papéis prefixados, como as Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e as NTN-F, o impacto é menor porque os prazos dos títulos são mais curtos. A NTN-F, que paga juros semestrais, perde 5,59% no prazo até 2023. A LTN mais longa, que tem juros só no vencimento, com prazo até 2017, perde 4,14% em 30 dias.
As perdas, porém, são virtuais, e só se tornarão efetivas se o investidor tiver de resgatar o papel hoje. Se o investidor ficar com o papel até o vencimento, ele receberá exatamente o juro acertado na aplicação mais a inflação no caso das NTN-Bs e o juro total nos prefixados. Por isso, o investidor não deve se assustar com a perda.
Os preços dos papéis variam todos os dias, de acordo com os juros dos mercados. Se as taxas dos títulos recuarem no futuro, os títulos recuperarão as quedas dos últimos dias. Por isso a aplicação em papéis longos deve ser feita com atenção e com recursos também de longo prazo, para que o investidor não seja pego por perdas na hora que precisar do dinheiro.
Os fundos renda fixa índices e os renda fixa tradicionais também são afetados pela flutuação dos preços dos títulos. Fundos de previdência e de pensão, que carregam papéis mais longos, também sofrerão no curto prazo com a alta dos juros, mas provavelmente ganharam bastante quando as taxas caíram no ano passado. Estarão, portanto, devolvendo parte dos ganhos.
O impacto dessas perdas dos papéis aparecerá nos próximos dias nas cotas divulgadas pelos fundos.
O problema é quem entrou no fim do ano em fundos renda fixa índices ou comprou NTN-Bs achando que eram bom negócio pelo retorno nos meses anteriores pensando no curto prazo. Esses investidores estão tendo apenas o fim da festa e devem ter consciência que entraram na hora errada. Mas, ao mesmo tempo, sair agora pode aumentar o prejuízo.
As aplicações são de longo prazo, e portanto devem ser vistas como alternativa de diversificação, e não destino para a maior parte do dinheiro.