André Brandão: ex-presidente do HSBC Brasil deve assumir a presidência do BB (Divulgação/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 3 de agosto de 2020 às 12h56.
Última atualização em 3 de agosto de 2020 às 18h44.
As ações do Banco do Brasil, subiram 2,29% nesta segunda-feira, 3, liderando as altas do setor, após André Brandão ser indicado para substituir Rubem Novaes na presidência da instituição financeira. Na máxima da sessão, os papéis foram negociados em alta de 4,35%.
André Brandão ainda precisa do aval do Palácio do Planalto e passar por um comitê interno para assumir a presidência do Banco do Brasil. No entanto, o mercado já comemora sua indicação. “É um nome que agrada até por ser um liberal por natureza e ter feito bons trabalhos por onde passou”, afirmou Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos
Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo, conta que havia grande dúvida sobre o qual seria o perfil do novo Banco do Brasil e que a chegada de Brandão foi uma “surpresa positiva”. “O mercado nunca gostou de funcionários de carreira e nem de pessoal vindo do setor público. Quando veio o nome de Brandão, foi uma surpresa positiva, até porque é difícil tirar alguém do setor privado, ainda mais um executivo de um grande banco acostumado a resultados expressivos e sempre focado em consistência e resiliência. É isso o que o acionista quer”, afirmou.
Egresso do mercado financeiro, de onde acumula três décadas de experiência, Brandão assumiu a presidência do HSBC Brasil em 2012 e participou de seu processo de venda para o Bradesco, concluída em 2016.
“Na época [2012], ele pegou um rojão. O banco estava com vários problemas, como transações suspeitas, e ele encabeçou toda a mudança. No momento mais difícil para o HSBC no Brasil, ele conseguiu arrumar a casa, tanto que o banco apresentou lucro e não tomou mais multa de regulador na América Latina, conseguindo um valor atrativo para a venda para o Bradesco”, comentou Franchini, que também tem passagem pelo HSBC.
A expectativa do mercado é a de que com Brandão, o BB toque processos de desinvestimento. “A gestão Novaes parecia que seria assim, mas a agenda dele não estava avançando. Já era o segundo ano e a agenda não andou”, afirmou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Segundo Cruz, o mercado espera que Brandão foque em setores-chave para o banco, como a frente de crédito consignado e para o agronegócio. “Principalmente na gestão Dilma, o BB se expandiu para áreas que não precisava ter entrado.”
Apesar do otimismo com o novo nome, Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research, vê com cautela o setor no médio prazo, embora considere as ações do Banco do Brasil como as mais baratas entre as dos grandes bancos. “Há alguns fatores de risco, como agenda mais concorrencial do Banco Central, tributos, parte fiscal do governo, desemprego, inadimplência”, disse.
No curto prazo, a visão de Cruz sobre o banco é positiva. “O setor financeiro do Ibovespa está para trás [em relação aos outros] e o BB estava entre os piores. Então, a gente já achava que suas ações iriam despontar nesse segundo semestre. O BB também tem uma boa perspectiva para, tendo em vista que o agronegócio crescendo também ajuda bastante o banco.”