Laurent Freixe, novo CEO da Nestlé, assume a liderança em um momento de ajustes estratégicos e revisão de metas, buscando alinhar a empresa com as realidades do mercado. (Getty Images/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 18 de outubro de 2024 às 10h42.
Última atualização em 18 de outubro de 2024 às 10h45.
O novo CEO da Nestlé, Laurent Freixe, afirmou que a gigante do setor alimentício "não está quebrada", ao reduzir a previsão de crescimento de vendas da empresa e anunciar mudanças organizacionais com o objetivo de melhorar o desempenho. Freixe, veterano da empresa, cortou a previsão de crescimento orgânico das vendas da Nestlé para cerca de 2% neste ano, em comparação com a previsão de 3% feita em julho e 4% em fevereiro.
A justificativa está na fraqueza persistente do consumo global. "Estamos nos aproximando de cerca de 2% de crescimento orgânico [para o ano inteiro]. Você pode chamar isso de um reset, ou pode chamar de realismo", disse Freixe ao Financial Times.
O executivo assumiu a liderança da empresa após a saída abrupta de Mark Schneider, que esteve à frente da Nestlé por oito anos. Agora, Freixe busca convencer os investidores de que os problemas da empresa podem ser resolvidos com uma melhor execução das estratégias.
“Não há nada de errado com as categorias”, afirmou Freixe. “Não há nada de errado com as 31 marcas ‘bilionárias’ [aquelas com vendas anuais superiores a 1 bilhão de francos suíços]. Temos uma presença global e local extremamente forte. A Nestlé não está quebrada, a Nestlé está em plena atividade, e vamos garantir que todo esse potencial seja realizado.”
Apesar dessas afirmações, a empresa tem enfrentado dificuldades operacionais, como problemas na integração de um sistema de TI e um escândalo relacionado à purificação de água na França, que têm preocupado os investidores e impactado negativamente o valor das ações da Nestlé. As ações da empresa caíram cerca de 15% este ano, com uma queda adicional de 2% registrada na última quinta-feira, 17.
A maior parte das empresas de bens de consumo sofreu com a alta inflação e a demanda deprimida, mas a Nestlé tem desempenho inferior a rivais como Unilever e Danone. Nos primeiros nove meses do ano, a empresa reportou um crescimento orgânico de vendas de 2%, abaixo da expectativa de 2,5%. As vendas na América do Norte caíram 0,3%.
Entre as mudanças organizacionais anunciadas por Freixe, está a fusão das operações da América do Norte e da América Latina em uma única unidade de reporte, com o líder dessa unidade operando a partir da sede da Nestlé na Suíça. Além disso, a Grande China será absorvida pela Zona Ásia, Oceania e África (AOA). Todos os líderes dessas novas unidades agora se reportarão diretamente ao CEO.
Além disso, a Nestlé revisou suas metas anuais para o lucro por ação e lucratividade. A margem de lucro operacional de negociação subjacente agora é esperada em cerca de 17%, abaixo da meta anterior, que visava uma leve melhoria em relação aos 17,3% do ano passado.