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Novo caos aéreo derruba ações da Gol

Mercado teme mais atrasos e a concretização da greve; analista pede calma aos investidores

"É um problema pontual e de tripulação", explica analista do BB Investimentos (.)

"É um problema pontual e de tripulação", explica analista do BB Investimentos (.)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2010 às 19h17.

São Paulo - O "mini" caos aéreo provocado pela Gol desde o último final de semana parece ter minado a confiança dos investidores no esperado aumento do tráfego aéreo doméstico em 2010. Os problemas começaram na sexta-feira (30), quando a empresa precisou transferir parte das decolagens do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para o aeroporto de Guarulhos. As ações (GOLL4) da empresa despencaram 5,4% nesta terça-feira (3).

Segundo a empresa, a decisão foi tomada porque algumas tripulações atingiram o limite de horas de jornada de trabalho, "gerando um efeito em cadeia", mostra comunicado divulgado pela empresa. A Gol disse ainda que os problemas vieram num momento em que finalizava  um novo sistema de processamento de escalas e que seu quadro de funcionários é condizente com as necessidades operacionais e linha com o mercado.

Tanto pelas declarações da empresa, quanto dos funcionários, o "mini" caos gerado pela Gol no final de semana parece estar mais ligado às disputas entre empregador e empregado do que a um problema de infraestrutura aeroportuária. Os trabalhadores marcaram uma paralisação de 24 horas para o próximo dia 13 de agosto. Eles reivindicam melhores salários, plano de saúde, fim do excesso de jornada e assédio moral.

"É um problema pontual e de tripulação. Os trabalhores querem forçar um aumento e exigir o cumprimento das horas de trabalho", afirma a analista do BB Investimentos, Fernanda Marques. "Não é uma questão de falta de aeronaves, como já aconteceu no passado", aponta. A saída para o impasse será mesmo a concessão de um aumento aos funcionários, explica Fernanda. Ela já trabalhava com um reajuste real de 5% em seus modelos de análise. A situação, contudo, pode piorar caso a negociação não vá para frente e os atrasos persistam. "Para os viajantes de negócios, a pontualidade é fundamental", lembra a analista.

A queda das ações vem em um momento de aumento do tráfego aéreo da empresa. Em junho, a Gol registrou uma demanda recorde para o mês, com alta de 10% no tráfego em relação ao mesmo período do ano passado. A retomada dos voos para o Cone Sul e o melhor cenário econômico brasileiro apoiaram o resultado. No segundo trimestre, tradicionalmente o mais fraco do ano para o setor, a Gol teve um aumento de 16,6 % na demanda total.

No ano, os papéis da Gol acumulam uma queda de 5,3%, inferior aos 19% da concorrente Tam (TAMM4). A diferença é explicada pela maior exposição da Tam ao tráfego internacional ainda afetado pela lenta recuperação econômica europeia e americana. Além disso, a empresa tem uma maior parte das receitas em dólar. Para os investidores, a analista do BB avalia que o melhor a fazer é esperar para ver se a situação volta ao normal. "Se não houver novos atrasos, acredito que as ações possam recuperar a tendência de alta para 2010", diz. A recomendação do BB é de compra para Gol e TAM, com preços-alvo de 33 reais e 40 reais, respectivamente.

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