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Novo 'Apocalipse do Varejo'? Estudo exclusivo mostra alto número de pedidos de falência nos EUA

Entre as varejistas em maior dificuldade no país estão Gamestop, Victoria's Secret, Petco Health and Wellness, Groupon e Land’s End

Entre as varejistas em maior dificuldade estão Gamestop, Victoria's Secret, Petco Health and Wellness, Groupon e Land’s End.

Entre as varejistas em maior dificuldade estão Gamestop, Victoria's Secret, Petco Health and Wellness, Groupon e Land’s End.

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercado Imobiliário

Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 12h06.

As vendas do varejo nos Estados Unidos cresceram 2,4% em 2024, superando as expectativas, mas o setor enfrenta um aumento no número de falências.

De acordo com um relatório da Coface divulgado com exclusividade à EXAME, mais de 30 grandes varejistas pediram falência no ano passado, o maior volume desde o que ficou conhecido como o "Apocalipse do Varejo", na década de 2010. Segundo o estudo, os bons números das vendas estariam escondendo uma realidade desigual.

O crescimento do e-commerce impulsionou o setor, mas segmentos como passatempo, móveis, materiais de construção e lojas de departamentos registraram queda nas vendas. Redes de eletrônicos, alimentos e vestuário cresceram abaixo da inflação de 2,9%, indicando retração no volume real de vendas.

Para o autor do estudo, Aurélien Duthoit, o crescimento desigual do varejo mostra que a resiliência do consumidor não é sentida por todo o setor. Segundo ele, enquanto grandes redes seguem ganhando mercado, varejistas menores, principalmente os de segmentos não essenciais, enfrentam pressão crescente.

As empresas com maiores e menores crescimentos dos EUA

A Coface analisou 141 empresas do setor, que somam US$ 2,5 trilhões em vendas anuais. Três companhias — Walmart, Amazon e Costco — responderam por quase 50% do crescimento das vendas no varejo entre 2023 e 2024. A participação combinada delas subiu de 19% em 2019 para 24% em 2024, ampliando a pressão sobre concorrentes menores.

A rentabilidade do setor também caiu nos últimos três anos. As margens de EBITDA de varejistas listados nos EUA em 2023 e 2024 voltaram a patamares da crise da década passada, sugerindo que o impulso da pandemia foi temporário. “A deterioração das margens reforça a percepção de alto risco para o setor”, diz Duthoit.

O percentual de empresas com endividamento elevado ou fragilidade no serviço da dívida atingiu níveis próximos dos recordes, com 31% e 48%, respectivamente. Entre as varejistas em maior dificuldade estão Gamestop, Victoria's Secret, Petco Health and Wellness, Groupon e Land’s End.

Segmentos como e-commerce, eletrônicos, eletrodomésticos e produtos de lazer estão entre os mais expostos a riscos. Lojas de departamentos seguem em declínio estrutural, enquanto redes de desconto lidam com pressão inflacionária e a concorrência de gigantes como Walmart e Amazon. “O varejo dos EUA está em um ponto crítico. O aumento das tarifas e a concentração de mercado devem acentuar os desafios”, conclui Duthoit.

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