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Novo anúncio de estímulo na China, tensões na Síria e Focus: o que move o mercado

Banco Central revisa para cima todas as projeções do IPCA, câmbio e Selic de 2024 a 2027

Radar: anúncio de novo estímulo na China deve agradar o mercado (ATTA KENARE/AFP)

Radar: anúncio de novo estímulo na China deve agradar o mercado (ATTA KENARE/AFP)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 08h47.

Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 11h26.

Os mercados internacionais operam mistos na manhã desta segunda-feira, 9. Nos Estados Unidos, os índices futuros recuam ligeiramente. Na Europa, as bolsas operam próximo à estabilidade com investidores reagindo ao anúncio da China, que deve agradar o mercado. Na Ásia, os mercados fecharam antes do anúncio, com exceção da bolsa de Hong Kong, que reagiu positivamente e fechou em alta de 2,7%.

os mercados na Coreia do Sul seguem apreensivos com a possibilidade da oposição pressionar por outra votação de impeachment do presidente Yoon Suk Yeol após breve imposição de lei marcial na semana passada. O índice Kospi, o principal do país, caiu quase 2,8%. Já o Kosdaq caiu mais de 4% para seu menor nível desde abril de 2020.

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Novo anúncio de estímulo na China

Pela primeira vez desde 2010, a China sinalizou que irá realizar a primeira mudança sobre sua política monetária.

O movimento irá fazer parte de um conjunto de medidas mais fortes para estimular sua economia em 2025, segundo anunciou o Politburo, principal órgão de decisão da China, composto por 24 membros, após uma reunião nesta segunda-feira.

Segundo o Politburo, o país implementará uma política fiscal mais proativa e adotará uma política monetária “adequadamente frouxa” no próximo ano, como informou a agência de notícias “Xinhua.”

A publicação da mídia estatal, que citava o Politburo, também informou que o país deve aumentar "vigorosamente" o consumo e expandir a demanda interna "em todas as direções”.

"Uma política fiscal mais proativa e uma política monetária adequadamente frouxa devem ser implementadas, aprimorando e refinando o conjunto de ferramentas, fortalecendo ajustes anticíclicos extraordinários", informava a notícia.

O Banco do Povo (PBoC, banco central da China) segue cinco posições de política econômica, sendo elas: "frouxa", "apropriadamente frouxa", "prudente", "apropriadamente apertada" e "apertada" - com flexibilidade em ambos os lados de cada uma.

Após a crise financeira global de 2008, o país adotou uma política monetária "adequadamente frouxa". No final de 2010, mudou para "prudente”.

Tensões na Síria

O mercado também acompanha os desdobramentos do conflito na Síria. Neste domingo, 8, forças rebeldes sírias anunciaram a queda do presidente do país, Bashar al-Assad, após conquistarem o domínio de Damasco, capital da Síria.

A tomada da cidade colocou fim ao regime autoritário da família Assad, que comanda o Partido Socialista Árabe da Síria (BAATH) e está no poder há mais de meio século, desde os anos 1970 - sendo que Bashar ocupa o cargo máximo há 24 anos.

Após a queda do governo, Bashar al-Assad está em Moscou e recebeu asilo do governo de Vladimir Putin, segundo informações da mídia estatal russa Tass.

O evento foi conduzido por duas principais forças rebeldes, tendo como principal protagonista o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ao lado do Exército Nacional Sírio, em uma coalizão de milícias apoiada pela Turquia.

As tensões geopolíticas existiam há anos e já houveram outras ameaças, sendo a mais notória a Primavera Árabe, em 2011, que deu início à Guerra na Síria. Entre 2017 e 2018, o apoio da Rússia foi fundamental para conter as tentativas contra o governo.

Contudo, o distanciamento russo somado ao enfraquecimento do Hezbollah e ao apoio da Turquia ao HTS elevaram a temperatura das tensões.

Apesar da Síria não ser uma grande produtora de petróleo, os países ao redor são. Por conta disso, conflitos no Oriente Médio costumam pressionar o preço da commodity, que já sobe mais de 1% pela manhã no mercado internacional.

Boletim Focus

O mercado avalia a divulgação do Boletim Focus desta semana.

O Banco Central (BC) elevou significativamente suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Pela segunda semana consecutiva, a inflação de 2024 subiu de 4,71% para 4,84%. Já a de 2025 subiu de 4,40% para 4,59%, enquanto a projeção de 2026 avançou de 3,81% para 4% e a de 2027 de 3,50% para 3,58%.

A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 e 2025 foram alteradas de 3,22% para 3,39% e 1,95% para 2%, respectivamente. A de 2026 e 2027 se manteve em 2% cada.

O BC projeta uma Selic em 12% ao final de 2024, ante os 11,75% projetados na semana anterior. Já em 2025, o Focus revisou de 12,63% para 13,50% os juros. Em 2026, a estimativa subiu de 10,50% para 11%, enquanto a de 2027 foi de 9,50% para 10%.

Todas as estimativas para o câmbio também foram revisadas para cima, de R$ 5,70 para R$ 5,95 (2024); de R$ 5,60 para R$ 5,77 (2025); de R$ 5,60 para R$ 5,73 (2026); e de R$ 5,50 para R$ 5,69 (2027).

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