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Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2010 às 16h58.
Rio de Janeiro - Uma mudança de regras para a realização de ofertas públicas de ações no país, cuja audiência pública terminou na semana passada, vai ajudar a Petrobras a fazer seu bilionário aumento de capital na primeira quinzena de setembro, disse uma fonte envolvida na operação.
Pelas novas regras que entram em vigor em 1o de agosto, a empresa não terá que esperar quase um mês entre a concessão do registro e o road show da oferta.
"Agora faz o registro e já sai para o road show, não tem mais aqueles 20 dias úteis", explicou a fonte que não pode se identificar devido ao período de silêncio ao qual todos os envolvidos na operação estão submetidos. "Isso vai agilizar a capitalização", complementou.
A Petrobras aprovou em junho aumento de capital de 150 por cento, para 150 bilhões de reais, abrindo espaço para a oferta pública de ações da companhia adiada de julho para setembro.
O volume total da operação ainda não foi divulgado e depende do preço que será certificado para o barril do petróleo em reservas não licitadas pelo governo na área do pré-sal da bacia de Santos, a chamada cessão onerosa.
A área da cessão onerosa ainda não foi definida apesar do governo ter divulgado que apenas em um poço perfurado, Franco, as estimativas de reservas giram em torno de 4,5 bilhões de barris de óleo equivalente. A produtividade do poço seria de 50 mil barris diário, segundo a ANP, um volume acima da média da indústria, o que reduz o custo de operação (e eleva o preço da reserva).
O governo, dono de 32 por cento do capital da estatal, recebeu autorização do Congresso Nacional para conceder até 5 bilhões de barris de óleo equivalente em troca de ações da companhia, em uma operação intermediada por títulos públicos para evitar questionamentos na Justiça pelos acionistas minoritários.
O preço do barril vai definir o montante da capitalização, que pode atingir até 85 bilhões de dólares após a autorização do aumento de capital da companhia, mas que é estimada pelo mercado em torno dos 50 bilhões de dólares, sendo cerca de 15 bilhões de dólares a parte do governo.
Prematuro para preço
"Ainda é muito cedo para se saber o preço, não existe nada de concreto para se estimar algum valor no momento", avaliou o analista da Coinvalores Marco Antonio Saravalle, que trabalha dentro da expectativa média do mercado, que prevê o valor do barril em torno dos 5-6 dólares.
Para o analista, um preço alto reduziria a atratividade da capitalização para o acionista minoritário e abriria espaço para o governo aumentar o controle na companhia. Esse aumento no entanto teria um efeito mais político, na avaliação de Saravalle, visto que o governo já possui 56 por cento do controle da empresa.
De acordo com outra fonte, também em período de silêncio, a proposta de preço da Petrobras ao governo será em torno dos 6-6,5 dólares, valor que será comparado ao apurado pela certificadora contratada pela ANP há duas semanas e cujo trabalho será divulgado no final de agosto.
"Vamos ter duas certificações técnicas, que devem ter uma pequena diferença entre uma e outra, uma pode estar com 6 dólares (o barril) e outra com 5 dólares, ficaria na média... impossível em um caso desse o governo querer receber 7 dólares", disse a fonte.
Enquanto aguarda a certificação, a Petrobras prepara o road show da oferta pública de ações e negocia o contrato de cessão onerosa com o governo, além de tocar o seu plano de 88 bilhões de reais de investimentos para este ano, que não dependem da capitalização.
Os papéis da empresa vêm perdendo valor desde o anúncio da operação, no ano passado, em um movimento considerado normal pelo mercado por conta da previsão da oferta pública. Às 14h10 (horário de Brasília), as ações preferenciais da companhia caíam 0,33 por cento, enquanto o Ibovespa caía 0,45 por cento.