"A Ptax estará sujeita a menos distorções, já que a nova metodologia evita a manipulação que era possível pelas regras antigas", explica analista (Karen Bleier/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2011 às 19h57.
São Paulo - Um mercado de câmbio com menos volume, mais fiel ao fluxo de comércio e investimentos do país e com influência menor das operações com derivativos. Esse deve ser o resultado da mudança na principal taxa de referência do dólar, a partir de 1o de julho, de acordo com a expectativa de agentes de mercado.
Por outro lado, corretoras na BM&FBovespa devem ser afetadas pela atrofia das operações casadas entre contratos futuros e negociações à vista, atualmente usadas para conduzir a Ptax de acordo com a conveniência de grandes investidores.
O novo método para o cálculo da taxa Ptax foi anunciado em setembro do ano passado com o objetivo de modernizar o mercado de câmbio brasileiro e aproximá-lo do padrão internacional. A taxa é importante porque serve de referência para grande parte dos contratos em dólar.
Após meses de testes, a nova Ptax está pronta para entrar em vigor a partir desta sexta-feira.
A taxa, hoje uma média ponderada por volume de todas as operações à vista, será uma média apenas aritmética de taxas fornecidas pelos maiores bancos do mercado.
Inicialmente, serão quatro consultas diárias do Banco Central ao mercado, mas no futuro a instituição pretende fazer apenas uma consulta por dia, de acordo com uma fonte do governo.
"A Ptax estará sujeita a menos distorções, já que a nova metodologia evita a manipulação que era possível pelas regras antigas", afirmou Douglas Smith, chefe de pesquisa para América Latina do Standard Chartered, em referência à tradicional "briga" pela Ptax que acontecia todo mês entre investidores com posições compradas e vendidas, para rolagem dos contratos futuros.
Como o volume de todas as operações com dólar à vista tinha peso sobre a Ptax, alguns investidores buscavam influenciar a taxa de referência do dólar por meio de operações sem vínculo claro com transações no mercado primário --como exportações, por exemplo. Isso era acompanhado (ou, no jargão do mercado, "casado") com uma transação inversa no mercado futuro, que mantinha a posição de câmbio da instituição inalterada.