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Nova oferta da Gerdau desagrada mercado, mas conquista agências de rating

Moody’s sinaliza possível elevação de nota da siderúrgica e Fitch aposta em redução do nível de alavancagem

Apesar da desconfiança do mercado, a oferta foi vista como positiva pelos analistas das agências de rating (Nelio Rodrigues/Agência Primeiro Plano/Veja)

Apesar da desconfiança do mercado, a oferta foi vista como positiva pelos analistas das agências de rating (Nelio Rodrigues/Agência Primeiro Plano/Veja)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2011 às 09h57.

São Paulo – O mercado não gostou nada do anúncio de uma nova oferta de ações da Gerdau (GGBR3; GGBR4). O problema encontrado pelos mais desconfiados foi a percepção de que a siderúrgica não foi sincera sobre as reais intenções dos recursos que serão levantados com a operação. E não é pouco. Segundo as estimativas da empresa, a oferta pode girar entre 3,8 e 4,2 bilhões de reais. Mas o número pode ser ainda maior.

A versão da Gerdau para o uso é o seguinte: “Os recursos serão utilizados para o programa de investimentos da Gerdau S.A. já anunciado para os próximos anos e para reforçar a estrutura de capital”. A frase não convenceu. As ações preferenciais (GGBR4) tiveram uma queda de 4,92% na segunda-feira. Foi o pior desempenho do Ibovespa no dia. Na terça-feira, mais um dia de baixa.

“Acreditamos que o anúncio dessa nova oferta de ações (sem especificar claramente as intenções sobre fusões e aquisições) levanta preocupações sobre as intenções da Gerdau”, questionam Felipe Reis, Alex Sciacio e Victoria Santaella, analistas do Santander. A suspeita é de que a empresa esteja preparando-se para uma ofensiva sobre a concorrência com novas aquisições.

“A Gerdau pode ser a principal candidata para entrar no grupo de controle da Usiminas, em nossa visão”, afirma Alexander Hacking, analista do Citi. Os papéis ordinários da Usiminas (USIM3) são os que mais subiram em 2011, com uma alta de 48,9%. As ações encerram a sessão de terça-feira negociadas a 31,65 reais.

Para Hacking, um interesse futuro pela participação de 26% da Usiminas detida pela Votorantim e a Camargo Corrêa teria ainda como obstáculo a concorrência da CSN (CSNA3) pela mesma fatia. Assumido isso, uma oferta se daria em um valor entre 40 a 50 reais por ação, o que demandaria um montante entre 5 a 7 bilhões de reais.

Outro lado

Apesar da desconfiança do mercado, a oferta foi vista como positiva pelos analistas das agências de rating. Para eles, a principal preocupação é a de avaliar a capacidade de pagamento da dívida que a empresa possui no mercado. Ou seja, com mais dinheiro em caixa, a possibilidade de um calote é menor. Logo, a oferta é positiva.

Para Jay Djemal, analista da Fitch Rating, a oferta “demonstra o contínuo compromisso da companhia com uma estrutura de capital grau de investimento e fortalece sua posição nas categorias de rating BBB-“, explica. Com os recursos, o índice dívida líquida sobre o Ebitda (medida de geração de caixa) ficaria abaixo de 2 vezes. Seria uma relação menor que o índice de 2,5 vezes de 2010 e 2,9 vezes de 2009.

“A alavancagem da Gerdau havia aumentado nos últimos anos, devido à acentuada queda do mercado de aço em 2009 e aos grandes investimentos feitos em 2010, sendo o maior deles a compra de 33,7% das ações da sua subsidiária Gerdau Ameristeel Corp. por US$ 1,6 bilhão“, explica Djemal. A agência Moody’s ainda foi além e colocou o atual rating da companhia em revisão para uma possível elevação.

“O processo de revisão irá focar no uso dos recursos da venda de ações e o seu impacto na alavancagem e da estrutura de capital da Gerdau enquanto o grupo executa o enorme programa de investimentos e continua a enfrentar a pressão de margens do aumento de custos e, no Brasil, também dos menores prêmios de preços devido às pressões das importações”, destaca Richard Sippli, analista sênior da Moody’s. A nota da Gerdau pela Moody’s é Ba1.

Enquanto as intenções da oferta ficam sob suspeita, o mercado já está fazendo as suas apostas. 

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