A Nissan desistiu da fusão com a Honda, encerrando um acordo que poderia dar novo fôlego à montadora após seguidos resultados negativos, segundo o jornal Nikkei. Após sete semanas de negociações, as companhias não chegaram a um consenso, colocando fim ao que seria a terceira maior montadora do mundo.
As conversas começaram em dezembro de 2024, com um plano inicial de criar uma holding conjunta em 2026. No entanto, segundo fontes próximas ao acordo, a Honda demonstrou interesse em comprar toda a Nissan, ideia que foi fortemente rejeitada pela companhia. Mesmo com o impasse, uma nova estrutura de negociações – já adiada uma vez – deve ser anunciada até meados de fevereiro.
Por conta da indefinição, a bolsa de Tóquio suspendeu temporariamente a negociação das ações da Nissan. Enquanto os papéis da Honda subiram 8,2%, os da Nissan caíram 4,9%.
A crise da Nissan
A Nissan enfrenta uma de suas piores crises financeiras, e o acordo com a Honda era visto como uma possível salvação para a empresa. No primeiro semestre de 2024, os lucros operacionais despencaram 90%, enquanto o lucro líquido caiu 94% em relação ao mesmo período de 2023.
Diante desse cenário, a Nissan adotou medidas drásticas, como:
- Corte de 9 mil empregos
- Redução da capacidade de produção em 20%
- Reestruturação da liderança e corte de 50% no salário do CEO
- Revisão da previsão de lucro anual, reduzindo-a em 70%
O Financial Times relatou no início de janeiro que, caso a situação não melhore, a Nissan teria recursos financeiros para operar por apenas mais 14 meses. No entanto, a empresa negou essa afirmação.
A crise da Nissan é atribuída, principalmente, à forte concorrência com montadoras chinesas, que dominam o mercado de veículos elétricos e pressionam os preços globais.
As condições da fusão
Com quatro vezes o valor de mercado da Nissan, a Honda tinha vantagem nas negociações e exigia uma reestruturação profunda da montadora antes de concluir o acordo.
Vincent Sun, analista da Morningstar Inc., afirmou à Bloomberg que ambas as empresas enfrentam desafios no setor de veículos elétricos e, mesmo unidas, teriam dificuldades para se consolidar. “É difícil para a Nissan se ela precisar desempenhar um papel menor na nova entidade, em vez de atuar em pé de igualdade com a Honda”, disse Sun.
Outro fator complicador foi a Renault, que detém 36% da Nissan e demonstrou preocupação com a fusão. A montadora francesa buscava compensação financeira por sua participação no negócio.
Se o acordo fosse concluído, Honda e Nissan planejavam atuar juntas para recuperar mercado nos EUA, avançar no setor de veículos elétricos e híbridos e competir com as montadoras chinesas.
A Mitsubishi, que tem parceria com a Nissan, também pode entrar na fusão, mas informou que só tomará uma decisão após um acordo definitivo entre as duas japonesas.