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Netflix brilha na bolsa com 5 milhões de novos assinantes, mas perde base na América Latina

Companhia perdeu clientes na região pela primeira vez desde o início do ano passado

Netflix: ações da companhia operam em alta após balanço (Bauer-Griffin/Getty Images)

Netflix: ações da companhia operam em alta após balanço (Bauer-Griffin/Getty Images)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 18 de outubro de 2024 às 11h50.

A gigante do streaming Netflix é o grande destaque da bolsa americana nesta sexta-feira, 18. Depois de bater as estimativas para lucro e receita, as ações da empresa avançam cerca de 10% na Nasdaq, embaladas ainda por um forte crescimento de assinantes: avanço de 35% na base, com adição de 5 milhões de clientes.

Uma lupa no balanço, no entanto, mostra um revés na América Latina, que tem o Brasil como o maior mercado. A Netflix perdeu 68 mil assinantes na região, frente aos 1,5 milhões adicionados no trimestre anterior. Foi a primeira queda de assinantes na América Latina desde março de 2023 

Nos últimos dois anos, o melhor momento da Netflix entre os latinoamericanos foi no último trimestre de 2023, quando 2,35 milhões deles entraram na plataforma. Foi um período de boom em todas as áreas de atuação da empresa, embalados pela batalha do streaming contra o compartilhamento de senhas. 

A preocupação dos analistas, no entanto, é que o avanço no número de assinantes globalmente seja temporário. Matthew Dolgin, que analisa ações de tecnologia, mídia e telecomunicações na Morningstar, acredita que os investidores estão colocando muita ênfase no bom resultado trimestral da empresa, sem precificar corretamente os riscos futuros.

“Embora esperemos que a Netflix permaneça bem à frente dos concorrentes, achamos que o mercado está extrapolando resultados recentes e surpreendentes para um futuro muito distante”, escreveu ele em uma nota divulgada pela Barrons.

O analista espera que a Netflix seja obrigada a aumentar o preço da assinatura ao longo do tempo para compensar a desaceleração do crescimento de novos clientes. A Morningstar tem classificação neutra para os papéis da empresa, com preço-alvo de US$ 550 – implicando um potencial de queda de 32% em relação aos níveis atuais. Vale lembrar que as ações acumulam alta de 90% este ano.

Outro ponto de atenção é que a Netflix não vai mais divulgar o indicador de novos assinantes a partir do ano que vem. A intenção da empresa é voltar as atenções do mercado para seus indicadores financeiros – o impacto dos planos de assinatura com anúncios na receita, por exemplo, tem sido um novo foco.

Ainda assim, as assinaturas foram o grande motivo de otimismo do resultado, e “são uma métrica que não será mais fornecida”, lembra Barton Crockett, analista do Rosenblatt Securities. O analista observou que o crescimento de receita neste trimestre pode ter superado as expectativas, mas não se pode dizer o mesmo das projeções futuras.

“A companhia afirma que a perspectiva para 2025 de crescimento de receita de 11 a 13%, é impulsionada tanto pelo crescimento de assinaturas – métrica que não será mais divulgada em 2025 – quanto pela [receita média por membro]”, escreveu em nota divulgada pelo Market Watch. “Isso está de acordo com o consenso e nossas estimativas, mas a projeção sugere muito menos acréscimos de assinantes em 2025 em comparação com este ano.”

A receita da Netflix alcançou US$ 9,83 bilhões no terceiro trimestre deste ano, 15% acima dos US$ 9,77 bilhões projetados pelo mercado. A empresa comunicou que espera uma receita de US$ 10,13 bilhões para o quarto trimestre, com US$ 4,23 de lucro por ação.

Para o acumulado de 2025, a Netflix projeta receita entre US$ 43 bilhões e US$ 44 bilhões.

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