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Negociações do Tesouro Direto são suspensas diante de guerra comercial entre EUA e China

Por volta das 10h30, apenas o Tesouro Selic permanecia disponível para novas aplicações

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 9 de abril de 2025 às 11h25.

Última atualização em 9 de abril de 2025 às 11h45.

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As negociações com títulos públicos foram suspensas na manhã desta quarta-feira, 9, enquanto investidores acompanhavam os desdobramentos da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, e seus reflexos sobre os papéis do Tesouro americano.

Diante do cenário de alta volatilidade, a Secretaria do Tesouro Nacional interrompeu temporariamente os negócios para evitar distorções nas taxas de rendimento. Por volta das 10h30, apenas o Tesouro Selic permanecia disponível para novas aplicações.

Durante a madrugada, a entrada em vigor de tarifas recíprocas, incluindo uma supertarifa sobre produtos chineses, gerou turbulência nos mercados. Os títulos do Tesouro americano, tradicionalmente vistos como investimentos seguros, registraram movimentações incomuns, provocadas por uma "corrida por liquidez", provocada pela nova rodada de tarifas comerciais.

No Brasil, a diferença entre os juros pagos pelos títulos públicos e os contratos financeiros de mercado sofreu forte compressão desde ontem. Essa margem é usada em estratégias que exploram desequilíbrios entre os mercados. Com a rentabilidade reduzida, alguns investidores decidiram vender papéis do Tesouro americano no mercado secundário, tentando provocar nova alta nos juros e reabrir espaço para ganho.

Efeitos em títulos indexados e prefixados

Na sessão anterior, os títulos indexados à inflação com vencimento em 2029 encerraram o dia com rendimento estável de 7,67% ao ano. Já os papéis de longo prazo, com vencimento em 2050, tiveram leve alta, passando de 7,13% para 7,14%. Por oferecerem mais risco, os papéis mais longos exigem cautela dos investidores, embora sigam sendo os preferidos de quem busca proteção contra a inflação.

Entre os títulos prefixados houve valorização. O papel com vencimento em 2028 saltou de 13,96% para 14,08% ao ano. Mesmo com a alta, a taxa ainda se mantém abaixo da Selic atual, de 14,25% ao ano, o que pode reduzir a atratividade da aplicação nesse momento.

Isso se reflete na relação inversa entre o preço dos títulos e suas taxas de rendimento: quando as taxas sobem, o valor de mercado dos papéis cai. Isso significa que, apesar de as taxas maiores garantirem retorno superior para novos investidores, quem já possui os títulos na carteira pode enfrentar uma desvalorização temporária.

Quando as taxas de juro sobem, o efeito pode ser vantajoso para novos investidores, que garantem uma rentabilidade mais alta se mantiverem o título até o vencimento. No entanto, para quem já possui esses papéis, o valor de mercado deles diminui, gerando uma perda momentânea — ainda que apenas no caso de venda antecipada.

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