O atirador que assassinou o CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson (Divulgação NYPD / Reprodução O Globo)
Repórter colaborador
Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 06h37.
Última atualização em 6 de dezembro de 2024 às 06h45.
As mensagens encontradas nas balas logo depois do assassinato do CEO do UnitedHealth Group não são apenas pistas de uma possível motivação pelo crime. Elas também significam um protesto adotado por algumas pessoas que sentem enganadas por planos de saúde.
Segundo o The Wall Street Journal, as palavras "negar", "defender" e "destituir" — gravadas nos cartuchos recuperados do lado de fora do Midtown Hilton após a morte de Brian Thompson — são familiares para aqueles que estão na linha de frente contra companhias de seguros e seus clientes sobre questões de cobertura. Grupos de apoio a pacientes geralmente usam o refrão "negar, atrasar e defender", que visa resumir táticas de companhias de seguros a respeito da cobertura de serviços a clientes.
Também se tornou bem conhecido entre advogados daqueles que processam seguradoras. Muitos dos advogados agora têm a frase em seus sites.
O assassinato de Thompson, principal executivo da maior seguradora de saúde do país, alimentou uma onda nacional de frustração e raiva com as empresas que fornecem cobertura de assistência médica, especialmente pelos serviços negados. A polícia disse na quarta-feira que o ataque foi direcionado, mas que ainda não sabia a motivação.
As circunstâncias trágicas despertaram emoções entre pacientes, famílias e médicos que estão inseridos em um sistema de saúde complicado — com a perspectiva assustadora de gastar milhares de dólares caso a seguradora não cobrisse um tratamento, segundo o WSJ
De acordo com uma pesquisa feita pela American Medical Association no ano passado, quase 25% dos médicos disseram que a autorização prévia (a sua demora) levou a um evento adverso sério para um paciente, enquanto 78% falaram que o processo às vezes levou ao abandono do tratamento e 94% reconheceram que atrasaram o atendimento necessário.
A prática é generalizada. Quase todos os clientes do Medicare das seguradoras são obrigados a obter autorização para pelo menos alguns serviços, de acordo com uma análise da organização sem fins lucrativos de pesquisa em saúde KFF. Cerca de 10% dos 46 milhões de solicitações foram negadas, de acordo com dados de 2022.
As taxas de rejeição variaram de 4% a 13% entre as seguradoras. A da UnitedHealthcare, de 8,7%, não foi a mais alta.
Essa situação trouxe repercussões aos trabalhadores da área da saúde, que passaram a enfrentar mais incidentes violentos no serviço do que em qualquer outro setor. Há 14 casos para cada 10.000 profissionais de saúde e assistência social, contra uma taxa anual de 2,9 casos para funcionários em geral, segundo o Bureau of Labor Statistics.