Stephen Yiu: "O Google não vai quebrar. A Microsoft não vai quebrar" (Chris Hondros/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 27 de agosto de 2021 às 11h59.
Última atualização em 27 de agosto de 2021 às 12h44.
O cofundador da Blue Whale Capital, gestora de recursos com sede em Londres que vem gerando ganhos consistentes com apostas em empresas do Vale do Silício, tem um conselho para os veteranos que temem outra bolha nas ações de tecnologia: se acalmem e comprem na baixa.
O principal fundo administrado por Stephen Yiu se aproxima de 1 bilhão de libras esterlinas (1,4 bilhão de dólares) após dobrar de tamanho em quatro anos. No entanto, gestores famosos como Michael Burry (que teve sua trajetória contada no filme A Grande Aposta) avisam que os investidores devem tomar cuidado com a efervescência de determinados segmentos do setor de tecnologia.
Esses alertas não perturbam Yiu, de 43 anos, que prefere a confiabilidade do Google e marcas tão familiares aos jovens de hoje que o colapso das empresas ponto-com duas décadas atrás é apenas um resultado em seu histórico de buscas.
Pessoas que “têm uns 10 anos a mais do que eu, na faixa dos 50 anos, provavelmente estavam no mercado na época e se queimaram”, disse Yiu em entrevista realizada no escritório dele em Mayfair. “Eles ainda pensam que tecnologia hoje é a mesma coisa de antes e que vai ruir.”
“O Google não vai quebrar. A Microsoft não vai quebrar”, acrescentou Yiu. “Se as ações caírem de alguma forma, você compra. Não tem bolha.”
Yiu estava na universidade na época da ascensão das ponto-com, quando a especulação febril levou ações relacionadas à internet às alturas no final da década de 1990, deflagrando um movimento de prejuízos e perdas que demorou anos para ser revertido. Para Yiu, hoje é diferente. Embora muitas companhias de tecnologia estejam caras, seus produtos e serviços são onipresentes na vida da maioria das pessoas, elas têm fundamentos sólidos e várias linhas de negócios bastante lucrativos.
Os principais investimentos da Blue Whale são em marcas que se tornaram parte do dia a dia nas últimas duas décadas, incluindo Alphabet (dona do Google), Microsoft e Adobe. A gestora também detém participações em Visa e Mastercard. A tática funcionou muito bem para os clientes do fundo: quem entrou no começo acumula ganho de mais de 110%.
“Entre a geração mais jovem, acho que a maioria entende o que está acontecendo”, disse Yiu, que iniciou seu fundo em 2017 com um investimento de 25 milhões de libras do bilionário Peter Hargreaves. “Entre nossas dez maiores apostas, geralmente somos usuários diretos ou indiretos de alguns desses serviços, seja na vida pessoal ou profissional.”
Alguns investidores renomados estão fazendo repetidos alertas sobre o setor. Richard Bernstein, que ficou famoso pelo pessimismo logo antes da crise financeira global, afirmou em junho que a situação atual do mercado ultrapassou todos os critérios dele para identificação de uma bolha e que tecnologia era um dos três setores principais dessa bolha.