Gestores humanos tiveram melhor desempenho neste ano de pandemia do que fundos com modelos quant (Amanda Perobelli/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 30 de dezembro de 2020 às 17h52.
Última atualização em 30 de dezembro de 2020 às 17h55.
Desta vez, as máquinas não conseguiram superar os humanos na indústria de hedge funds (que, no Brasil, guardam semelhança com os multimercados).
Após anos sendo superados por estratégias quantitativas orientadas por computador, gestores de carne e osso voltaram ao topo em 2020, ajudados por fortes apostas em tecnologia e pelo forte fluxo de estímulos de bancos centrais, que impulsionaram os mercados.
Os giros vertiginosos do ano atingido pela pandemia humilharam até mesmo os quants mais sofisticados -- notavelmente as gigantes Renaissance Technologies e Two Sigma --, cujos modelos de negociação foram derrubados por oscilações que seus computadores nunca haviam visto antes.
No geral, os fundos administrados por humanos registraram alguns dos melhores números em uma década, com vários nomes em destaque, incluindo Tiger, Coatue e D1, que apresentaram retornos superiores a 35%. Seja por sorte ou por habilidade, eles mostraram que, no ano mais atípico dos últimos tempos, os gestores de ações ainda puderam enfrentar a ascensão aparentemente inexorável das máquinas.
Gestores de ações “tiveram vários anos de desempenho abaixo do esperado na última década, e a narrativa era a de que os computadores haviam derrotado os humanos”, disse John Thaler, gestor veterano de renda variável que devolveu o dinheiro de clientes em 2015 e, neste ano, abriu uma empresa, a Hampton Road Capital Management. Mas ele destacou a virada de gestores com a estratégia comprada-vendida em ações, que mostrou forte desempenho neste ano.
Muitos dos gestores de ações com melhor desempenho foram ajudados por seus investimentos em tecnologia e startups privadas, o que lhes permitiu dobrar facilmente o ganho de 14% do índice S&P 500 Total Return até novembro. Entre eles estão Coatue Management, Tiger Global Management e D1 Capital Partners, cujas apostas dispararam junto com a Nasdaq e um forte mercado para ofertas públicas iniciais (IPOs).
Ao mesmo tempo, gestores macro, muitos dos quais reclamavam de anos de baixa volatilidade, finalmente conseguiram o que queriam. As consequências da pandemia desencadearam as maiores flutuações em mais de uma década diante da paralisação da economia global, o que levou a uma quantidade sem precedentes de apoio monetário dos bancos centrais.
A Caxton Associates, de Andrew Law, por exemplo, aproveitou o momento com retorno de 36% até novembro. O principal hedge fund da Brevan Howard Asset Management subiu 24% até novembro, a caminho de igualar ou superar seu melhor retorno anual.