Guerra tarifária: maior parte dos painéis solares é produzida na China (Zhongguo/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de abril de 2025 às 09h13.
Com uma ofensiva comercial que promete abalar a cadeia de suprimentos de energia renovável, os Estados Unidos anunciaram, na segunda-feira, 21, tarifas de até 3.400% sobre a importação de células e painéis solares originários de países do Sudeste Asiático. A maior parte deles é produzida na China.
O anúncio veio do Departamento de Comércio americano, que concluiu que as peças, embora produzidas no Vietnã, Malásia, Tailândia e Camboja, têm origem majoritariamente chinesa.
Segundo a investigação do governo dos EUA, as empresas chinesas estão usando fábricas em países vizinhos para contornar tarifas anteriores aplicadas diretamente aos produtos vindos da China — tática conhecida como “desvio de origem”.
A nova rodada de sanções prevê tarifas antidumping e compensatórias que variam conforme o país. As mais pesadas recaem sobre o Camboja, com alíquota máxima de 3.403,96%. Em seguida vêm Tailândia (799,55%), Vietnã (542,64%) e Malásia (168,80%). Empresas como Hounen Solar, Trina Solar Science & Technology e Jinko Solar Technology também foram citadas com taxas específicas.
Essas tarifas são o desfecho de duas análises preliminares iniciadas em 2023 após uma denúncia do Comitê de Comércio da Aliança Americana para a Fabricação de Energia Solar. Segundo o grupo, as empresas asiáticas estariam praticando dumping e recebendo subsídios desleais de seus governos, minando a competitividade da indústria americana.
“A decisão do Departamento de Comércio é uma vitória para os trabalhadores americanos e para a integridade da nossa indústria solar”, afirmou o advogado Tim Brightbill, representante da coalizão americana. A decisão final sobre a imposição das tarifas será tomada pela Comissão de Comércio Internacional dos EUA (ITC) em 2 de junho.
A ofensiva comercial ocorre em um momento estratégico. A Casa Branca também anunciou, no início de abril, tarifas adicionais de até 49% para países do Sudeste Asiático — medidas que foram temporariamente suspensas para negociações.
A China, que domina 90% do mercado global em etapas-chave da produção de energia solar, continua sendo o principal alvo dos EUA. Desde janeiro, as tarifas sobre painéis solares e polissilício chinês foram elevadas para 50%. A estratégia visa frear a dependência americana de energia limpa chinesa e proteger a indústria local, mas levanta preocupações sobre o possível aumento no custo de energia renovável no país.