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Na bolsa, pequenas de saúde se tornam grandes em meio à pandemia

Ações de empresas do setor figuram entre as que mais subiram desde o início do ano

Saúde: enquanto a maioria das ações do Ibovespa acumulam perdas no ano, fora do índice, papéis do setor se valorizam mais de 30% (Morsa Images/Getty Images)

Saúde: enquanto a maioria das ações do Ibovespa acumulam perdas no ano, fora do índice, papéis do setor se valorizam mais de 30% (Morsa Images/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de abril de 2020 às 16h45.

O coronavírus assolou o mercado financeiro e fez desmoronar a maioria das ações do Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira. Mas, longe dos olhares da maior parte dos investidores, algumas empresas de saúde se mostraram bons investimentos - ao menos por enquanto. 

Das 442 empresas listadas na B3, as duas que mais se valorizaram desde o início do ano são do setor. Com apreciação de 32,8%, lideram as altas da bolsa os papéis da holding Dimed, das marcas Panvel (rede de farmácias), Lifar (laboratório farmacêutico) e da distribuidora de medicamentos que leva o mesmo nome do grupo. 

Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset, considera os papéis do segmento como mais defensivos por serem menos atrelado à atividade econômica. “É um setor que oscila pouco. Tem remédio que é de uso contínuo e, com a pandemia, aumenta a venda de alguns produtos, principalmente de álcool em gel”, disse.

Dentro do Ibovespa, os papéis da rede de farmácias Raia Drogasil estão entre os dez melhores desempenhos do ano. Em março, quando o índice despencou 29,8%, a Raia Drogasil foi uma das que menos se desvalorizaram, fechando o mês com queda de 13%, enquanto ações como as da Petrobras e Via Varejo desabaram 48% e 62%, respectivamente.

A segunda empresa que mais se valorizou em toda a bolsa brasileira é a Baumer. Conhecida por sua fabricação de próteses ortopédicas, a companhia também atua no ramo de esterilização hospitalar e controle de infecção. Depois de suas ações subirem 30% desde o fim de dezembro, o valor de mercado da Baumer chegou aos 120 milhões de reais - que é cerca de 30 vezes inferior ao da Dimed e quase 2.000 vezes menor ao do Itaú.

Baixa liquidez

Siqueira explica que o fato de essas companhias serem menores pode ter ajudado suas ações a não terem sido afetadas pela recente onda de vendas. 

“Com o aumento da volatilidade, muitos fundos multimercados precisaram reduzir posição em ações. Não foi um movimento pontual. Pode ser que essas empresas muito pequenas, que não estão em índice nenhum, não estivessem nesses fundos, nem mesmo nos de ações.”

Apesar da baixa liquidez, as ações da Dimed e da Baumer aumentaram o volume médio negociado neste ano em cerca de 100%, passando para 59,3 mil e 3,57 mil, respectivamente. Com valor de mercado próximo ao da Dimed, a ação da Oi, que está em recuperação judicial, tem um volume de negociação diário médio de 166 milhões de reais.

Outra ação de saúde que está em alta e desconhecida pela maioria dos investidores é a do grupo Dasa, de laboratórios de diagnósticos, como Cytolab, Lavoisier e Oswaldo Cruz. O ativo acumula apreciação de 7,7%. A performance daria ao papel a vice-liderança do Ibovespa, mas sua liquidez chega a ser menor do que a das ações da Baumer. Considerando apenas os pregões em que foram negociados, o volume diário médio dos papéis do Dasa gira em torno dos 600 reais.

Ricardo Schweitzer, sócio-fundador e analista da Nord Research, alerta para o perigo de comprar esse tipo de ação. “Com exceção das da Dimed, são ações de baixíssima liquidez. Ou seja, é muito fácil manipular o preço.”

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