Bolsa: apesar de dados ainda inconsistentes nos balanços, Ibovespa subiu de 62.000 para 68.000 desde a delação dos Batista (Germano Lüders/Exame)
EXAME Hoje
Publicado em 16 de agosto de 2017 às 06h12.
Última atualização em 16 de agosto de 2017 às 07h23.
A temporada de balanços do segundo trimestre chegou ao fim, mas deixou poucas conclusões sobre em que ponto da lenta recuperação estão as empresas brasileiras. Levantamento da consultoria Economatica revela que as empresas de capital aberto, retirando o resultado dos bancos, lucraram e faturaram menos nesse segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.
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O lucro das companhias de capital aberto foi de 12,85 bilhões de reais entre os meses de abril a junho, menos da metade dos 27,4 bilhões do segundo trimestre do ano passado. Já quando excluído o resultado das gigantes Petrobras, a companhia de energia elétrica Eletrobras e a mineradora Vale — que tiveram seus ganhos afetados por eventos não recorrentes — o resultado é uma alta de 1,95 bilhão de reais nos lucros.
Setores bastante afetados pela crise, como o varejo, apresentaram resultados melhores. Via Varejo, Magazine Luiza e Lojas Americanas lucraram 118 milhões de reais a mais do que no segundo trimestre do ano passado. Até mesmo os números do problemático setor das construtoras mostraram um avanço. Mesmo assim, as empresas do setor tiveram um prejuízo de 664 milhões de reais, ante o prejuízo de 937,7 milhões de reais no mesmo período do ano passado. Números melhores, neste caso, não significam o fim da crise.
Levantamento do jornal Valor mostra que, no mesmo período, as despesas financeiras das companhias subiram 260%, em relação ao trimestre anterior, para 24,2 bilhões de reais. A culpa é a alta de 4,4% no dólar durante o trimestre, fruto da insegurança gerada com a delação dos irmãos Batista no dia 17 de maio.
Mesmo com sinais truncados nos balanços, o Ibovespa vai muito bem, obrigado. No dia seguinte à delação dos Batista o índice bateu 62.000 pontos, mas já voltou à casa dos 68.000, resultado do excesso de liquidez nos mercados internacionais e de um otimismo dos investidores com a condução da política econômica do país. Segundo Celso Toledo, economista da LCA Consultores, há um inexplicável sentimento de que tudo está bem nos mercados.
A aproximação das eleições de 2018, e o aumento das incertezas políticas, pode inverter o cenário: revisão nos valores da bolsa, mas melhora consistente nos balanços, como consequência da lenta recuperação da economia. O varejo avançou 1,2% em junho, segundo anunciou ontem o IBGE. Saúde financeira das empresas e aumento de seu valor de mercado, o investidor está careca de saber, nem sempre andam no mesmo passo.