Fausto Ribeiro, presidente do Banco do Brasil, classifica resultado do 2º tri como "fantástico" (Nilton Fukuda/Perspectiva/Divulgação)
Beatriz Quesada
Publicado em 11 de agosto de 2022 às 17h31.
Última atualização em 11 de agosto de 2022 às 19h00.
O Banco do Brasil (BBAS3) atingiu um novo marco no último trimestre: alcançou a rentabilidade dos principais bancos privados do País – o que não ocorria desde 2012. O banco estatal divulgou um balanço acima das expectativas, com o lucro líquido saltando 54,8%, para R$ 7,803 bilhões – valor quase 22% superior aos R$ 6,4 bilhões de lucro que eram esperados pela média do mercado.
O grande destaque, no entanto, ficou com o retorno sobre patrimônio líquido (ROE), que indica a capacidade de um banco em rentabilizar seu capital. Pela primeira vez em quase uma década, o BB teve um ROE de 20,6%, posicionando o banco estatal no patamar dos pares privados.
Com o resultado do trimestre, o Banco do Brasil ultrapassou o Bradesco (BBDC4), que registrou ROE de 18,8% no período. O dado ficou atrás – por pouco – dos retornos de Santander (SANB11) e Itaú (ITUB4), que tiveram ROE de 20,8% neste trimestre.
“Estamos há mais de 10 anos tentando retomar a liderança em ROE. Iniciamos, há alguns trimestres, uma campanha interna forte para estreitar o gap em relação aos pares privados e tivemos um resultado fantástico de 20,6%. É um valor que coloca o banco de volta em posição de destaque – digna de seus 213 anos”, afirmou Fausto Ribeiro, presidente do Banco do Brasil, em conversa com jornalistas nesta quinta-feira, 11. O balanço animou os investidores, que colocaram as ações da empresa entre as maiores altas do Ibovespa no dia, com ganhos de 4,43%.
A rentabilidade, por sua vez, foi impulsionada por uma estratégia dupla no crédito: expansão da carteira com tomada de risco e foco no segmento do agronegócio.
A carteira de crédito ampliada do banco atingiu R$ 919,51 bilhões em junho, alta de 19,9% na comparação anual. Dentro do mix, a carteira de pessoa física subiu 14,1% em 12 meses, para R$ 274,51 bilhões. Em pessoas físicas, o ganho foi de 19,1% na comparação anual, para R$ 336,83 bilhões. Já no segmento do agronegócio, o crescimento foi de 27,3%, para R$ 262,04 bilhões.
“Resgatamos linhas de crédito em que o banco sempre teve protagonismo. A primeira delas é o agronegócio, nossa vocação”, disse Ribeiro. “Construímos o maior Plano Safra de todos os tempos [R$ 200 bilhões disponibilizados para financiamentos no setor] e fizemos o esforço de buscar fontes de financiamento para ter taxas competitivas”.
O objetivo, segundo o presidente, é aproveitar o boom de commodities e a baixa inadimplência no segmento. O bom pagamento do crédito no setor, a propósito, permitiu que o BB aumentasse o risco no segmento para pessoa física sem comprometer o índice de inadimplência, que ficou em 2% – abaixo dos principais bancos privados.
O índice de inadimplência para o crédito para pessoa física subiu de 1,20% para 1,69% na comparação anual. Já a linha agro, se manteve estável em 0,12% na comparação anual, mas caiu do patamar de 0,19% registrado no primeiro trimestre.
"Para aumentar a margem financeira bruta, investimos em linhas com mais rentabilidade e com um pouco mais de risco. Lembrando que, ainda assim, o BB é mais conservador, vai dando passos mais curtos, para que possamos crescer com consistência e solidez, mantendo o índice de inadimplência controlado”, defende.
As linhas de maior rentabilidade estão fora do crédito consignado, descontado diretamente do contracheque. Entre eles estão empréstimo pessoal, cartão de crédito e cheque especial.
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