Muita emoção na Bolsa? As ações de “convicção” do UBS para navegar na volatilidade (Reuters/Divulgação)
Repórter de mercados
Publicado em 10 de abril de 2025 às 15h50.
Com contratos previsíveis e corrigidos pela inflação, as ações de utilities, que englobam empresas de energia e saneamento, costumam ser um porto seguro em momentos de maior imprevisibilidade no mercado.
Com a volatilidade – e a emoção – correndo solta nas bolsas com o caos tarifário de Trump, o UBS aproveitou para reforçar seus nomes de mais “convicção” no setor para enfrentar o cenário.
O momento é de oportunidade, alerta a equipe liderada por Giuliano: “Historicamente, os melhores retornos ajustados pelo risco emergem quando o sentimento de mercado está deslocado dos fundamentos, muito fragmentado ou excessivamente pessimista. É quanto a análise mais racional brilha. E é a janela que estamos querendo capturar.”
Para o UBS, Copel (CPLE6), Sabesp (SBSP3), Equatorial (EQTL3) e CPFL Energia (CPFE3) são empresas que refletem um caminho claro para retornos aos acionistas.
O banco priorizou empresas que consideram com margem de segurança e mal precificadas, isto é, com as expectativas do mercado desalinhadas com a capacidade de geração de lucros.
Outros fatores que levaram em conta a seleção das companhias foram a credibilidade e o alinhamento da estratégia de retorno.
A Copel oferece um rendimento de dividendos atrativo, cerca de 7% para 2025, que pode aumentar caso ocorram vendas de ativos, aponta a equipe.
Além disso, iniciativas de eficiência de custos e crescimento da base de ativos regulatórios líquidos (RAB) podem acelerar em 2026.
É possível ainda uma valorização adicional com a recontratação da UHE Foz do Areia, no próximo Leilão de Reserva de Capacidade de Energia – ainda sem data para ocorrer, mas esperado para algum momento neste ano.
O preço alvo para o fim do ano é de R$ 13, alta de 1,3% em relação ao último fechamento.
Já a privatização da Sabesp pode destravar ganhos operacionais, melhorias regulatórias e crescimento do RAB líquido e do EBITDA.
Além dos ganhos de eficiência de custos após a privatização, a companhia também fará investimentos significativos para atingir a universalização até 2029.
A expectativa é que a Sabesp invista cerca de R$ 70 bilhões até 2029, o que significa que o crescimento dos lucros virá em etapas, sobretudo, depois desse forte capex começar a ser reconhecido nas tarifas – o que, no novo modelo regulatório agora acontece anualmente e não apenas em ciclos de quatros anos.
Para o UBS, a avaliação segue atrativa, com uma Taxa Interna de Retorno (IRR) real de 11,8% em um negócio relativamente estável.
O preço-alvo para 2025 é de R$ 118, potencial de alta de cerca de 17% em relação ao último fechamento, com um dividend yield estimado em 1,3% para 2025.
A holding, que começou como distribuidora de energia e ganhou fôlego em saneamento ao se tornar acionista de referência da Sabesp, apresenta histórico comprovado de aquisições que agregam valor e um pipeline de crescimento por meio de novas plataformas, aponta o UBS.
A expansão em Goiás, via a Celg, pode levar a um aumento significativo nos lucros. “Esperamos que a empresa ganhe eficiência este ano, após a revisão tarifária”, diz o banco, que vê os papéis descontados.
O preço-alvo para 2025 é de R$ 34, potencial de alta de 0,2% em relação ao último fechamento, com um dividend yield estimado em 3,1% para 2025.
A holding de energia CPFL não tem uma taxa de retorno tão suculenta quanto os outros nomes da lista: aos preços atuais, sua TIR está em 10,8%. Mas os riscos são relativamente menores, aponta o UBS.
A entrega de dividendos sólidos, por volta de 9% em 2025 e 2026, pode evitar armadilhas de valor.
Esse rendimento de dividendos pode ser ainda maior, considerando a vitória judicial anunciada pela empresa esta semana, no valor de R$ 4,7 bilhões.
O banco estima que esse sucesso pode adicionar cerca de 1,7% de rendimento extra por ano, distribuído ao longo de cinco anos.
A empresa é vista como baixo risco de má alocação de capital, com um acionista controlador mais conservador. “Não vemos um cenário de virada na empresa; a maioria dos investidores provavelmente ficará satisfeita com a continuidade do trabalho que vem sendo feito, o que contribui para a mitigação de riscos.”
O preço-alvo para 2025 é de R$ 45, potencial de alta de cerca de 2,8% em relação ao último fechamento, com um dividend yield estimado em 8,7% para 2025. 38,7