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Moriah Asset compra fatia da Oakberry em maior transação de sua história: "um sonho realizado"

Investimento surgiu de longa amizade entre investidor e fundador da rede de açaí; "era um plano que estava incubado há muito tempo"

Fabiano Zettel, CEO da Moriah Asset: "um sonho realizado" (Moriah Asset/Divulgação)

Fabiano Zettel, CEO da Moriah Asset: "um sonho realizado" (Moriah Asset/Divulgação)

Publicado em 22 de maio de 2024 às 09h38.

Última atualização em 22 de maio de 2024 às 10h47.

A Moriah Asset adquiriu cerca 10% da Oakberry em rodada complementar à que a companhia captou R$ 325 milhões com o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame), segundo apurou a EXAME. O cheque assinado pela gestora de Fabiano Zettel foi de mais de R$ 100 milhões, incluindo todas as tranches. O investimento foi o maior já realizado pela Moriah Asset. Criada em 2021 a partir de um aporte na Desinchá, a gestora tem no currículo 18 empresas investidas.

Apesar do tamanho do negócio, as tratativas foram excepcionalmente rápidas. "Apresentaram a oportunidade numa quinta-feira. Pedi três dias para realizar os cálculos e fechamos na segunda-feira. O Renato [Haidar, co-fundador da Oakberry] arregalou o olho na hora e disse que nunca viu fechar um negócio daquele jeito. Só que não analisei o negócio em 72 horas, esse foi o tempo para colocar a oportunidade no papel. Já vinha acompanhando a Oakberry de perto há cinco anos. Era um plano que estava incubado há muito tempo. Eu admiro muito a marca", diz Zettel em entrevista exclusiva à EXAME.

A proximidade de Zettel com o negócio vem de uma amizade desenvolvida na última década com o fundador da Oakberry, Georgios Frangulis. "O Georgios é meu amigo de muitos anos. Nos conhecemos na academia e nos tornamos parceiros para além dos negócios. Sempre dizia que queria ser sócio. Acompanhei a entrada da Oakberry nos Emirados Árabes, Austrália, vi as lojas sendo inauguradas. Mas, quando surgiram as primeiras oportunidades, eu não tinha o capital necessário. Foi um sonho de menino."

O investimento na Oakberry terá como destino a expansão das atividades nos Estados Unidos e a recompra de franquias. "Um franqueado master da Holanda, por exemplo, precisa abrir um número de lojas e pode subfraquear as outras. Só que esse sistema limita o crescimento da marca ao crescimento do franqueado. Em momentos de expansão acelerada, é melhor ter as lojas dentro de casa", explica Zettel.

Principal empresa de açaí do Brasil, a Oakberry tem expandido cada vez mais sua atuação para além das fronteiras. Presente em quase 50 países e com 750 lojas, a empresa obtém 70% de sua receita com pontos de venda no exterior, com participações relevantes na Europa e Oriente Médio. Nos Estados Unidos, a Oakberry esteve presente nas últimas três edições de Super Bowl, principal evento esportivo do país, mas ainda vê grande espaço de crescimento nesse mercado. Do investimento recebido, R$ 50 milhões deverá ser destinada à expansão da companhia nos Estados Unidos.

A oportunidade de investir na Oakberry surgiu das negociações da empresa com o BTG. "Eles estavam há meses negociando o investimento com o banco e pediram para que, na entrada do banco, sobrasse uma complementação de rodada para trazer um sócio estratégico."

A Moriah tem como filosofia investir em empresas de bem-estar e oferecer um ambiente de colaboração entre as companhias investidas. "Eu gosto de promover encontro entre empresários e disso surgem muitos negócios."

Com a Oakberry dentro do ecossistema da Moriah, algumas sinergias já vêm sendo mapeadas. Uma delas, contou Zettel, é a criação de um chá de açaí desenvolvido pela companhia em parceria com a Desinchá, empresa cuja a Moriah detém 49% de participação. "Também temos uma outra empresa que está criando um chocolate crocante para ser usado de topping pela Oakberry. Há muitas sinergias."

IPO à vista?

A expansão acelerada da Oakberry, diz Zettel, pavimenta o caminho para a companhia abrir capital na bolsa. "Não tem como ignorar que é uma tendência natural. Mas seria algo para daqui um ano e meio ou dois anos. A empresa cresce muito no exterior."

Embora as aberturas de capital sejam oportunidades para fundos de private equity realizarem os lucros do investimento, Zettel não tem um horizonte para a venda de participação. "Não entro em um investimento já pensando em vender." Um dos diferenciais em relação aos fundos tradicionais do ramo é que a Moriah é formada 100% de capital próprio, o que possibilita o investimento por prazo indeterminado. "Quem tem investidor tem chefe. Se eu transformar a Moriah em um fundo com cotistas, vou precisar dar satisfação. Tem negócio que deu muito certo que foi fechado na intuição e, quando se trabalha com dinheiro dos outros, fica mais difícil fechar um negócio na intuição."

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