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Morgan Stanley rebaixa ações do Brasil e alerta sobre ‘sufoco’ no fiscal

Banco americano vê ajuste fiscal como ponto positivo, mas destaca que é cedo para apostar em mudança

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 16h44.

O Morgan Stanley rebaixou as ações brasileiras para underweight, equivalente a uma recomendação de venda, destacando que os elevados riscos fiscais do Brasil superam a atratividade dos papéis.

Segundo o banco, o governo e o mercado de capitais estão à beira de um impasse: o crescente endividamento público pressiona as taxas de juros para cima, tornando a renda fixa mais atrativa e sufocando o crescimento do mercado acionário.

“O financiamento do governo está sugando o oxigênio do mercado local de renda variável. Com juros de longo prazo entre 12% e 14% ao ano, os investidores [de renda fixa] duplicarão o seu dinheiro dentro de um intervalo de 6 a 7 anos. As ações locais não conseguem competir com isso”, afirmaram os analistas em relatório publicado neste domingo, 17. 

O cenário fiscal tem estado no centro dos debates do mercado nas últimas semanas, que espera uma definição do governo sobre a magnitude do ajuste nas contas públicas. Após sucessivos adiamentos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o plano será anunciado após a Cúpula do G20, que termina na terça-feira, 19. Há expectativa de que o corte seja de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, sendo R$ 30 bilhões em 2025 e o restante em 2026.

O ajuste é positivo na avaliação do Morgan Stanley, mas ainda é cedo para apostar nessa tese. “Há argumentos otimistas para o Brasil, mas é muito cedo para construir um portfólio em torno disso. As coisas podem piorar antes de melhorar.”

Os analistas trabalham com o que consideram a hipótese mais provável: que os decisores políticos continuem a trabalhar com um déficit semelhante ao atual, que poderia prolongar o ciclo de juros altos. 

O desempenho do dólar também é uma preocupação. A moeda americana acumula alta de quase 20% no ano, aumentando a pressão inflacionária que, por sua vez, se reflete nos juros. Para as ações, o avanço global do dólar é um risco à medida que tira atratividade dos investimentos em países emergentes. 

Na América Latina, o Morgan Stanley manteve recomendação underweight para o México, onde o populismo é visto como um risco. “A política atrapalhou o momento da América Latina e vários obstáculos precisam ser desobstruídos para que a região se torne uma de investimento. Valuations baratos não são suficientes.”

Ainda assim, existem opções interessantes na América Latina. O Morgan Stanley destaca preferência por Chile, Colômbia e Argentina. “Os mercados andinos são relativamente pequenos e não profundos, mas oferecem bom valor e baixa correlação com o resto do mundo”.

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