Mercados

Moody’s é tida como irrelevante por operadores da Petrobras

O rendimento extra que os investidores exigem para ter os bônus da empresa aumentou em comparação há um ano, quando a agência atribuía uma nota maior à estatal


	Plataforma da Petrobras: a CEO Maria das Graças Foster disse que logo os problemas serão superados
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Plataforma da Petrobras: a CEO Maria das Graças Foster disse que logo os problemas serão superados (Germano Lüders/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2013 às 15h05.

Rio de Janeiro - Os operadores de bônus nunca foram tão céticos em relação às classificações da Moody’s Investor Service para a Petróleo Brasileiro SA, controlada pelo Estado.

O rendimento extra que os investidores exigem para ter os bônus da empresa por valor de US$ 5,25 bilhões com vencimento em 2021, em vez de dívida do governo brasileiro classificada um nível mais baixo, aumentou para um recorde de 1,86 ponto porcentual na semana passada.

A diferença é maior que o 1,15 ponto porcentual de um ano atrás, quando a Moody’s ainda classificava a Petrobras dois níveis acima do Brasil. A Moody’s rebaixou a Petrobras de A3 para Baa1 em 3 de outubro, após mantê-la pelo menos dois níveis acima do país desde 2001.

Os custos de empréstimos da Petrobras subiram mais rápido neste ano que os das companhias petrolíferas estatais Petróleos Mexicanos e Ecopetrol SA, da Colômbia, após os subsídios aos preços do combustível reduzirem os lucros e as vendas de dívidas com objetivo de financiar um plano de investimento de US$ 237 bilhões transformarem a empresa brasileira na produtora de petróleo de capital aberto mais endividada do mundo.

O prêmio de rendimento entre a Petrobras e a dívida do governo brasileiro mais que triplicou desde o começo de 2011, quando a petroleira começou a subsidiar importações de petróleo como parte do esforço da presidente Dilma Rousseff para conter a inflação.

“Eu não acho que uma diferença de um nível na classificação seja relevante para o mercado”, disse Jason Brady, gerente financeiro que ajuda a administrar US$ 89 bilhões na Thornburg Investment Management Inc., por telefone, de Santa Fe, Novo México. “Isso é um pouco estranho”.

Yields em bônus

A Petrobras não respondeu a um pedido enviado por e-mail para comentar o desempenho de seus bônus. A CEO Maria das Graças Foster disse em 7 de outubro que o rebaixamento da Moody’s era um alerta para cuidar melhor de seus indicadores econômicos.

“Ninguém gosta de ter uma classificação ruim”, disse Foster a repórteres em Brasília. “Tudo isso será superado”.

 


Os yields dos bônus da Petrobras subiram 1,54 ponto porcentual neste ano, para 5,16 por cento, após a empresa vender um recorde de US$ 11 bilhões em dívidas em mercados estrangeiros, impulsionando suas obrigações para um recorde de US$ 112 bilhões.

Sua dívida líquida saltou para 2,96 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, a relação mais alta entre os produtores com mais de US$ 50 bilhões em valor de mercado, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Os subsídios ao combustível contribuíram para reduzir os lucros da Petrobras para R$ 21 bilhões (US$ 9,6 bilhões) em 2012, contra US$ 33 bilhões em 2011. O governo brasileiro controla o conselho da Petrobras com uma maioria de ações com direito a voto e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, é o presidente da empresa.

A crescente intervenção do governo na Petrobras, a maior produtora de petróleo em águas com mais de mil pés de profundidade, está fazendo, agora, com que até mesmo a Moody’s reavalie suas classificações.

Perspectiva negativa

A Petrobras corre o risco de perder sua vantagem de classificação em relação ao Brasil, segundo Thomas Coleman, analista da Moody’s. A empresa com sede em Nova York historicamente classificou a Petrobras acima do país porque a combinação de apoio do governo e receita em moeda estrangeira a tornaria menos suscetível a uma moratória, disse ele.

“Muitas das relações entre o governo e a Petrobras estão aumentando. Há uma maior dependência ou correlação de moratória entre as duas entidades que nunca houve no passado”, disse Coleman, por telefone, de Nova York. “Em algum ponto as classificações poderiam convergir, e nós temos uma perspectiva negativa sobre a Petrobras de todas as formas, então existe alguma possibilidade no futuro de que as duas sejam classificadas no mesmo nível”.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse em 14 de outubro que estava “confiante” que o governo subiria os preços do combustível antes do final do ano.

Mesmo se a Petrobras for capaz de subir os preços do combustível para tirar vantagem dos preços do petróleo, acima de US$ 110 o barril, provavelmente não seja suficiente para compensar o subsídio, segundo Su Fei Koo, gerente financeiro da DoubleLine Capital LP.

“Nós não estamos vendo os benefícios” nos preços mais altos do petróleo, disse Koo em entrevista por telefone, de Los Angeles. “Tudo aponta para um direção: que a alavancagem subirá, o que não é bom para as bases do crédito”.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingBônusCapitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoMercado financeiroMoody'sPetrobrasPetróleoRatingSalários

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney