Os problemas econômicos de Portugal obrigaram o país a aplicar um estrito programa de ajustes econômicos para receber 78 bilhões de euros durante três anos (Marcel Salim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2011 às 08h23.
Lisboa - A agência de classificação de risco Moody's rebaixou nesta sexta-feira a nota do arquipélago português da Madeira de B1 para B3, devido à revelação da existência de um déficit encoberto de 1 bilhão de euros que colocou os planos de saneamento de Portugal em perigo.
Em comunicado, a agência afirma que está em vigilância para outra possível redução da nota da Madeira que, ao lado das ilhas Açores, é uma das duas regiões autônomas de Portugal.
O rebaixamento de qualificação da dívida a longo prazo do arquipélago encerra um processo de revisão que começou em 7 de julho e que a Moody's aponta como responsabilidade da insuficiente gestão do Executivo regional e a "má execução do orçamento".
O Instituto Nacional de Estatística e o Banco de Portugal revelaram na semana passada a existência de uma dívida encoberta de quase 1 bilhão de euros na Madeira, um arquipélago de 267 mil habitantes situado a 978 quilômetros de Lisboa.
A Procuradoria Geral portuguesa decidiu na quarta-feira abrir uma investigação judicial sobre o caso.
O governo central de Portugal, do mesmo partido de centro-direita que administra a Madeira, considera os fatos muito graves e admitiu que ameaçam a confiança internacional no saneamento da economia do país.
Alberto João Jardim, presidente do governo das ilhas desde 1978 e candidato à reeleição, atribui o desvio financeiro a questões contábeis.
Em declarações à emissora de televisão das ilhas, Jardim minimizou nesta sexta-feira o impacto dos 5 bilhões de euros nas contas do arquipélago, comparando o montante com a dívida do metrô do Porto.
Os problemas econômicos de Portugal, submetido a uma forte pressão nos mercados da dívida, obrigaram o país a pedir um resgate financeiro internacional em abril e a aplicar um estrito programa de ajustes econômicos para receber 78 bilhões de euros durante três anos.