Governo de Cristina Kirchner cortou incentivos às petrolíferas e ordenou as companhias do setor repatriar todas as suas receitas em moeda estrangeira (Alfredo Estrella/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2012 às 21h47.
Buenos Aires - A empresa de medição de risco Moody's disse nesta sexta-feira que rebaixou a nota de seis companhias do setor de petróleo da Argentina, entre elas YPF e a filial local da Petrobras, devido ao 'imprevisível' alcance da intervenção governamental no setor.
Entre as afetadas pelo rebaixamento nas classificações esta Pan American Energy (de capitais argentinos, britânicos e chineses) e sua filial argentina, a Petrobras Argentina, a YPF (controlada pela espanhola Repsol) e a duas sociedades do grupo argentino Petersen, sócio minoritário na YPF, revelou a Moody's em comunicado.
A empresa de medição de risco americana argumentou que o governo argentino 'tem antecedentes de intervenção no setor de gás e petróleo e recentemente tomou uma série de ações que demonstraram o aumento de sua intervenção no setor e o alto nível de imprevisibilidade'.
Moody's lembrou que recentemente o governo de Cristina Kirchner cortou incentivos às petrolíferas e ordenou as companhias do setor repatriar todas as suas receitas em moeda estrangeira.
Indicou que o governo federal e algumas províncias também 'exerceram maior pressão sobre os produtores, especialmente sobre YPF, para elevar os níveis de produção e investimento no país'.
Com relação à Petrobras Argentina, sua classificação em escala global em moeda local desceu para Ba3 a partir de Ba2, enquanto a nota em moeda estrangeira passou para B1 a partir de Ba3, com perspectiva negativa.
Entretanto, a classificação em escala global em moeda local da YPF desceu para Ba3 a partir de Ba2 e a medição em escala nacional desceu para Aa2.ar a partir de Aaa.ar, notas que Moody's mantém 'em revisão para possível rebaixamento'.
A classificadora esclareceu que as notas da YPF 'consideram o sólido histórico de cumprimento de suas obrigações de dívida em moeda estrangeira durante as crises passadas financeiras argentinas e sua propriedade majoritária por parte da Repsol'.
Mas argumentou que 'entre os fatores que restringem as classificações da YPF destaque para a concentração na Argentina, o alto nível de risco de convertibilidade e de transferência em moeda estrangeira'.
'Mantemos as classificações da YPF sob revisão para baixo devido ao crescente risco de uma maior intervenção do governo, especificamente dirigida a YPF', advertiu Moody's.