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Modelo de negócio para nova bolsa no Brasil é incógnita

Dois grupos estrangeiros almejam lançar suas plataformas de negociação de ações no país, mas modelo de negócio ainda é um mistério

O preço-alvo para as ações preferenciais do Cruzeiro do Sul foi elevado de 11,50 reais para 13 reais (Germano Lüders/EXAME.com)

O preço-alvo para as ações preferenciais do Cruzeiro do Sul foi elevado de 11,50 reais para 13 reais (Germano Lüders/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2012 às 21h47.

Rio de Janeiro - O modelo de negócio adequado para a chegada ao Brasil de rivais à BM&FBovespa permanece uma incógnita, num momento em que dois grupos estrangeiros almejam lançar suas plataformas de negociação de ações no país.

A presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, deixou claro sua visão de que a concorrência nesse mercado não é urgente e que a introdução de uma nova câmara de compensação e liquidação de ativos (clearing) seria o melhor caminho.

"O maior benefício líquido se dá no cenário de que outra clearing venha trabalhar para o mercado brasileiro. Já temos o arcabouço regulatório preparado para duas estruturas verticais", disse Maria Helena.

A CVM organizou nesta sexta-feira reunião sobre a eficiência do mercado acionário brasileiro, convocando BM&FBovespa, aspirantes a abertura de novas bolsas, corretoras e investidores institucionais.

O objetivo foi debater um estudo recente indicando que há espaço para mais plataformas de negociação de ações no país, embora não exista clareza sobre os benefícios que isso traria. A BM&FBovespa tem atualmente, na prática, monopólio desse negócio.


A operadora norte-americana de bolsa Direct Edge quer utilizar a plataforma de clearing da BM&FBovespa e exige um aceno positivo no curto prazo da CVM nesse sentido, enquanto a Bats Global Markets defendeu o uso de uma plataforma verticalizada e busca parceiros para os serviços de clearing e depositária no Brasil.

O presidente da Direct Edge, William O'Brien, cobrou pressa da CVM na definição de regras sobre competição no setor de bolsas no país. "Esperamos um sinal o mais rápido possível, em julho de 2012", disse O'Brien.

Segundo ele, esse acesso aberto pela CVM facilitaria as decisões da empresa e as negociações com a bolsa paulista para trabalhar de forma cooperativa. "Há a possibilidade de trabalhar com multiplataformas, mas essa não é nossa ideia inicial", afirmou, reforçando que sua primeira opção é ter acesso ao serviço da BM&Fbovespa.

A bolsa paulista tem manifestado desinteresse em vender agora serviços a terceiros, porque está investindo na integração de suas quatro clearings, o que deve ficar pronto só em 2014. Dependendo do que decidir a CVM, a BM&FBovespa seria obrigada a vender serviços de clearing para concorrentes.

Já a Bats Global Markets, que fez parceria com o escritório de advocacia Freitas & Leite e com a empresa de investimentos Claritas para ingressar no Brasil, defendeu uma estrutura verticalizada como a da BM&FBovespa para operar no país.

O vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Bats, Ken Conklin, não quis revelar o nome de outros parceiros para o fornecimento de clearing, nem deu um horizonte para a abertura da nova plataforma de negociação de ações no Brasil.


"Estamos num estágio de investigação, leva tempo para chegar ao modelo e encontrar os parceiros corretos."

Corretoras

Representantes de corretoras presentes na reunião mostraram preocupação com o aumento de custos que seriam incorridos em um cenário de concorrência entre bolsas de valores.

"O aumento dos custos é claro, mas não é claro o aumento das receitas nesse segmento", afirmou o sócio-fundador da XP Investimentos Marcelo Maisonnave.

Para o sócio da Link Corretora, Daniel Mendonça de Barros, o novo cenário vai trazer um aumento de volume e uma redução dos gastos para o investidor final. "Eu não sei até que ponto isso vai ser revertido para as corretoras", alertou.

O diretor-executivo de operações, clearing e depositária da BM&FBovespa, Cícero Augusto Vieira Neto, afirmou que as corretoras de valores poderiam ter em conjunto um custo adicional de 72 milhões de reais por ano no caso de uma fragmentação no mercado de bolsas no Brasil, sobretudo por custos com tecnologia.

O analista do Credit Suisse, Emerson Leite, porém, afirmou que os custos de corretoras poderiam ser menores em um ambiente de maior competição.

"Num primeiro momento deverão ser feitos mais investimentos. Somos amplamente favoráveis à introdução de concorrência", defendeu. Para ele, com mais instituições o mercado terá uma melhor arbitragem, redução dos spreads e especialização da negociação.

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