Invest

Mercados asiáticos precisam de 'Taylor Swift dos IPOs', diz especialista

Jenny Lee, fundadora da Granite Asia, afirmou à CNBC que a Ásia não tem, ainda, um catalisador para acelerar suas listagens

'Taylor Swift dos IPOs': para analistas, isso é o que falta nos mercados asiáticos (Matt Winkelmeyer/Getty Images for The Recording Academy/Getty Images)

'Taylor Swift dos IPOs': para analistas, isso é o que falta nos mercados asiáticos (Matt Winkelmeyer/Getty Images for The Recording Academy/Getty Images)

Publicado em 4 de fevereiro de 2025 às 06h59.

O mercado asiático de capitais precisa de um grande impulso para ganhar tração, e especialistas do setor financeiro acreditam que a solução pode vir na forma de uma “Taylor Swift dos IPOs” – uma oferta pública icônica que traga visibilidade e confiança ao mercado.

Jenny Lee, fundadora da Granite Asia, afirmou à CNBC que a Ásia não tem, ainda, um catalisador para acelerar suas listagens. Para ela, um evento marcante, como a abertura de capital de uma empresa de grande porte, poderia desempenhar esse papel e estimular um novo ciclo de IPOs.

Lee está otimista quanto a uma retomada em 2025, após o que ela classifica como um "ano terrível" para o setor em 2024. Com a reabertura das janelas de listagem e empresas privadas apresentando fundamentos sólidos, o cenário pode se tornar mais favorável para novos lançamentos no mercado.

A queda no mercado de IPOs em 2024 foi expressiva: o número de ofertas caiu 35% e os valores arrecadados recuaram 51% em relação a 2023, segundo dados da EY. No entanto, algumas regiões continuaram ativas. A Índia liderou com 327 IPOs, seguida pelo Japão (84) e Coreia do Sul (75), o que mostra que ainda há apetite por novas listagens.

Oportunidades em private equity e setores estratégicos

Serena Tan, CEO da Gaia Investment Partners, vê oportunidades em setores de alto crescimento, como health tech e cuidados preventivos, de acordo com a CNBC. Segundo a Asian Development Bank, até 2050, um em cada quatro habitantes da Ásia-Pacífico terá mais de 60 anos, impulsionando o mercado de saúde. O setor deve movimentar cerca de US$ 2,3 trilhões até 2026.

Além disso, fundos de private equity devem levantar cerca de US$ 30 bilhões na Ásia este ano, com destaque para investimentos na Índia e no Japão, segundo Tan. Grandes nomes, como Blackstone, KKR e EQT, estão entre os principais responsáveis por essa captação.

O setor de private equity continua sendo um pilar fundamental na Ásia, oferecendo retornos internos de 10% a 20%, dependendo da estratégia e do setor de atuação. Tan destaca que há 140 mil empresas privadas na Ásia com faturamento superior a US$ 100 milhões, contra apenas 19 mil companhias públicas com a mesma receita.

Com menos incentivos para empresas abrirem capital, o mercado privado se torna uma alternativa atrativa para investidores que buscam retornos consistentes no longo prazo.

As oportunidades de investimentos privados na região incluem desde reciclagem de resíduos até fabricação de embalagens, indicando que o mercado asiático pode oferecer retornos sólidos para investidores dispostos a explorar setores estratégicos.

O efeito das tarifas de Trump

A disputa comercial entre Estados Unidos e China escalou nesta terça-feira, 4, com Pequim impondo tarifas de até 15% sobre produtos americanos, abrindo uma investigação antitruste contra o Google e restringindo exportações de minerais essenciais. As medidas são uma resposta às novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que já provocaram a saída de US$ 12,3 bilhões dos mercados emergentes asiáticos apenas em janeiro – o maior êxodo desde 2009, segundo a Bloomberg.

Além das tarifas, a China incluiu empresas americanas na lista de "entidades não confiáveis" e restringiu a exportação de minerais estratégicos, como tungstênio e molibdênio, fundamentais para a indústria de semicondutores. Especialistas alertam que essa nova rodada de retaliações pode agravar a guerra comercial, pressionar ainda mais os mercados globais e comprometer setores estratégicos dos EUA. Enquanto isso, Trump tenta negociar uma saída diplomática com Xi Jinping nos próximos dias.

Acompanhe tudo sobre:MercadosÁsiaTaylor Swift

Mais de Invest

Dólar forte e tarifas de Trump podem provocar êxodo de US$ 54 bilhões na Ásia

Quer começar a investir? Se faça essas 3 perguntas primeiro

Petrobras (PETR4) recebe R$ 2,7 bilhões em pagamentos contingentes ligados ao preço do petróleo

Produção da Petrobras (PETR4) recua 10% no quarto trimestre e fecha 2024 em queda de 3%