Mercados

Mercado vive calmaria antes da tempestade, prevê experiente gestor

Boaz Weinstein alerta para descasamento atípico entre aumento de volatilidade nas ações e redução do prêmio de risco em ativos de crédito

Mercados globais de crédito podem sofrer fortes turbulências novamente, afirma gestor nos Estados Unidos (Kyodo News/Getty Images)

Mercados globais de crédito podem sofrer fortes turbulências novamente, afirma gestor nos Estados Unidos (Kyodo News/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 22 de outubro de 2020 às 21h01.

Última atualização em 23 de outubro de 2020 às 10h40.

Nunca, em seus 22 anos de carreira, Boaz Weinstein viu tal desconexão entre a complacência de investidores de crédito e a ansiedade de investidores de ações. E, segundo ele, isso pode resultar em “movimento incrível” em torno das eleições presidenciais de 3 de novembro nos Estados Unidos. O mundo está mais complexo, mas você não precisa investir sozinho. Tenha os melhores analistas do seu lado com a EXAME Research. 

Embora o mercado acionário esteja precificando a turbulência com o Índice de Volatilidade (VIX) da  Chicago Board Options Exchange (CBOE) perto de 30, os spreads (prêmios de risco) de títulos corporativos se recuperaram quase para níveis pré-pandemia.

Para Weinstein, fundador da Saba Capital Management e um dos maiores vencedores da onda vendedora da pandemia em março, algo tem de ceder. Ele antecipa um novo caos de crédito e espera aumentar o retorno de 80% até setembro de seu principal fundo hedge.

“É como uma calmaria antes da tempestade”, disse em entrevista à Bloomberg. “A volatilidade das ações é quase inevitavelmente alta. É uma boa forma de seguro? Os perfis de recompensa não são nada parecidos com os de janeiro. Considerando que, no crédito, estamos quase de volta ao ponto em que estávamos em janeiro.”

Weinstein não escolhe títulos ou ações com base em fundamentos, como fluxo de caixa ou crescimento dos lucros. Ele está interessado no valor relativo — determinar se os preços de instrumentos semelhantes estão fora de sintonia e, em seguida, se posicionar para lucrar conforme o desequilíbrio é corrigido.

É por isso que ele se agarrou à divergência entre o VIX (o índice que mede a volatilidade de ações do S&P 500, também conhecido como Índice do Medo) e os spreads de crédito. Durante anos, eles caminharam alinhados.

Depois, em agosto, o VIX começou a subir à medida que os spreads continuavam caindo. Com tantas “incógnitas conhecidas” como o resultado da eleição americana, o avanço da covid-19 e o ritmo de recuperação econômica , um alto grau de volatilidade implícita nas ações faz sentido, disse Weinstein. A perspectiva otimista para o crédito, não, especialmente com os rendimentos baixos e a inadimplência em alta.

(EXAME Research/Exame)

“Acho que o perfil risco-recompensa do crédito atual está basicamente entre os piores, em relação a outras coisas, que vi em minha carreira”, disse Weinstein. “Um VIX em 20 costumava ser uma façanha. Aqui estamos em 30, e o mercado de crédito não piscou.”

Ele disse que os créditos que está vendendo são aqueles que considera mais vulneráveis a uma queda, mas não quis nomeá-los, e também tem posições compradas em emissores que, “não importa o que aconteça, estarão em boa forma”, como International Business Machines (IBM), AT&T e Walt Disney.

Questionado sobre o momento do “movimento incrível”, Weinstein disse que não será necessariamente no dia da eleição ou em 4 de novembro, quando os resultados iniciais podem ser conhecidos. Ele também disse que a compra de mais títulos pelo Federal Reserve pode manter a volatilidade sob controle.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEleições americanasMercado financeiro

Mais de Mercados

Ternium x CSN: Em disputa no STF, CVM reforça que não houve troca de controle na Usiminas

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida