HSBC: com a perda de rentabilidade natural que a queda nos juros deve causar, os investidores e a indústria serão obrigados a se mexer, acredita Pedro Bastos (REUTERS/Shannon Stapleton)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2012 às 07h56.
O mercado secundário de renda fixa no Brasil ainda é um “calcanhar de Aquiles”, segundo o presidente da HSBC Global Asset Management, Pedro Bastos. O ponto fraco tem a ver com a mentalidade dos investidores, que ainda preferem ficar com os títulos comprados até seu vencimento, em vez de negociá-los. Bastos afirma, entretanto, que já é possível ver uma mudança de comportamento que ajudará esse segmento a despontar em 2013.
De acordo com o executivo, a visão no setor era a de que o mercado secundário não decolaria enquanto os juros não caíssem. “O problema é que as taxas caíram, mas o mercado ainda não andou”, observa.
Mesmo com os papéis pagando taxas cada vez menores, os gestores ainda têm enraizado o conceito de “comprar o papel e carregar, eles são muito focados no ‘buy and hold’”, explica. Bastos participou do evento “Fórum Bloomberg Brasil: Um mundo de Oportunidades”, realizado hoje em São Paulo.
O executivo ressalta que essa mentalidade de reter os títulos de renda fixa até o vencimento dificulta o surgimento de uma nova leva de ofertas, já que a baixa liquidez do mercado secundário pesa contra nas decisões dos emissores dos papéis.
Ele acredita, entretanto, que a situação deve começar a mudar a partir do ano que vem, com a ação de entidades como o BNDES e a Anbima, além de formadores de mercado para atuar no segmento de renda fixa. Além disso, com a perda de rentabilidade natural que a queda nos juros deve causar, os investidores e a indústria serão obrigados a se mexer.
Uma tendência apontada pelo executivo para 2013 também é a do alongamento dos prazos de resgate dos fundos de investimentos que aplicam nesses papéis. “Não dá para pensar em mercado secundário de renda fixa se os gestores ainda têm que se preocupar com resgates e liquidez diária”, diz. “Os fundos com carência de 30 dias para pagamento dos resgates já estão tendo boa aceitação, e veremos uma ampliação dos prazos no próximo ano, que é quando o mercado realmente vai andar no Brasil.” Com mais prazo para pagar os resgates, os gestores de fundos podem comprar papéis menos líquidos sem medo de ter de vendê-los a qualquer preço caso os saques no fundo aumentem.