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Mercado projeta Small Cap melhor que Ibovespa em 2020

Alta concentração em Petrobras, Vale e bancos jogam contra principal índice da Bolsa

Em 2019, Índice Small Caps subiu 58,2% e superou com folga o Ibovespa (Sarinya Pinngam / EyeEm/Getty Images)

Em 2019, Índice Small Caps subiu 58,2% e superou com folga o Ibovespa (Sarinya Pinngam / EyeEm/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 31 de dezembro de 2019 às 09h27.

São Paulo - Tamanho não é documento, principalmente quando se trata do potencial de valorização das small caps. A categoria, que designa ações de empresas com 300 milhões a 2 bilhões de dólares de valor de mercado, ganhou notoriedade. Em 2019, o índice que leva o mesmo nome subiu 58,2% e superou com folga o Ibovespa, que teve alta de 35,58%.

Para 2020, o mercado projeta mais uma vitória para as ações small caps. Parte dessa expectativa está relacionada à perspectiva de melhora da economia interna. “As small caps são diferentes não só em tamanho. A maioria são empresas voltadas para a atividade local”, disse Luis Guilherme, proprietário da Sabe. 

Das 75 ações da carteira do Índice Small Caps (SMLL), 20 são ligadas ao consumo cíclico, como varejistas e construtoras, e representam 23,9% do portfólio. Por outro lado, 42,3% do Ibovespa é composto por ações dos quatro grandes bancos, da Vale e da Petrobras e somente 7% é atrelado ao consumo cíclico.

“Não é o setor financeiro, nem o de minério e nem a Petrobras que vai andar [em 2020]", afirmou Frederico Mesnik CEO e co-fundador da Trígono Capital. Desse grupo, somente os papéis preferenciais da Petrobras andaram junto com o Ibovespa, em 2019. Todos os outros pesaram contra o índice. 

Analista da Levante Investimentos, Eduardo Guimarães chama atenção para os planos de investimento e de capitalização das small caps. No ano, algumas delas chegaram a levantar mais de 1 bilhão de reais por meio de oferta subsequente de ações (follow-on), como foram os casos da fintech Linx e da empresa de energia Light, segundo dados da B3.

“Dá um impulso para essas empresas crescerem mais com a economia indo bem” destacou Guimarães. Segundo ele, projetos de aquisições também ajudam a ação a ter bom desempenho. Um exemplo disso ocorreu com os papéis da metalúrgica Tupy, que, em dezembro, tiveram alta de 12,68% logo após a companhia comprar uma empresa do Grupo Fiat.

Guimarães também comentou sobre o potencial de crescimento das small caps, que considera mais atrativo justamente devido ao fato de elas serem menores que as blue chips. “O Itaú não consegue dobrar o lucro de uma hora para outra. O preço da ação vai depender muito da projeção do lucro. Se está crescendo, a tendência é a de que o preço da ação cresça”, disse.

Riscos

O lado negativo de investir em empresas menores pode ser a falta de informações sobre a companhia. “Todo mundo sabe de Vale e Petrobras, mas as small caps tem menos análises e conteúdo na imprensa”, disse Eduardo Guimarães.

Outro risco atrelado às small caps é a menor liquidez, visto que seus papéis são menos negociados. “Talvez, em um momento de pânico, pode ter uma queda mais forte por falta de liquidez. Dependendo do humor do mercado pode ter volatilidade maior”, disse Guimarães.

Mas, nem por isso, dá para afirmar que elas são “mais arriscadas”, como muitas vezes são classificadas. Para tentar desvendar essa teoria, Frederico Mesnik fez um estudo em que comparou o comportamento do Índice Small Caps com o do Ibovespa de abril de 2008 até novembro de 2019. Ele identificou que, no período abordado, o Ibovespa foi menos rentável e mais volátil.

Em uma das etapas, Mesnik simulou 60 mil movimentações randômicas de aplicação e resgate nos índices e o SMLL superou o Ibovespa em 58% dos cenários. 

No longo prazo, as small caps têm se mostrado rentáveis. Em 2010, quem aplicasse em um fundo que replicasse o SMLL, teria 142,2% de rentabilidade contra alta de 68,6% do Ibovespa. Desde então, o SMLL só terminou o ano atrás do Ibovespa por três vezes. Em duas ocasiões, ambos os índices fecharam no vermelho. A outra foi em 2018, ano marcado pela greve dos caminhoneiros. 

Contudo, após momentos de forte estresse, o Ibovespa demorou mais para se recuperar. Segundo a pesquisa de Mesnik, o SMLL precisaram de 381 pregões para voltar à pontuação em que estava antes da crise do subprime, em 2008, enquanto o Ibovespa levou 614 pregões - 11 meses a mais. No caso Joesley Day, o SMLL demorou 43 pregões para se recuperar e o Ibovespa, 58.

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