São Paulo – O mercado financeiro mostrou uma confiança inicial na “autonomia operacional total” que Alexandre Tombini, indicado para a presidência do Banco Central, disse ter recebido da presidente eleita Dilma Rousseff. Os juros futuros de longo prazo passaram a cair depois do pronunciamento de Tombini feito hoje em Brasília. Os contratos para janeiro de 2013 aceleraram o ajuste para baixo após às 15h e encerraram em 12,23%, após terem alcançado a máxima de 13,33%. Os mais curtos, como os de janeiro de 2012, terminaram com leve alta.
“O mercado precificou que o BC precisará aumentar o juro para resolver o problema inflacionário, mas que precisará defender o modelo de metas de inflação e, portanto, depois desse período a taxa de juros poderia voltar a cair porque a inflação ficaria sobre controle”, analisa o vice-presidente executivo de tesouraria do banco West LB, Ures Folchini. Tombini parece ter falado exatamente o que o mercado desejava ouvir e reforçou por várias vezes o comprometimento com o sistema de metas de inflação.
Para Paulo Vieira da Cunha, ex-integrante do Copom e que trabalhou em conjunto com Tombini, a escolha foi uma excelente indicação. “Tenho o maior respeito e confiança profissional no trabalho dele”, afirma Cunha, hoje chefe de análise do fundo de mercados emergentes da Tandem Global Markets. Em nota publicada há pouco, Henrique Meirelles disse que “Alexandre Tombini é uma excelente escolha, e um profissional completamente preparado para a função. Trabalhamos juntos por cinco anos e tenho plena confiança nele”.
Declarações
“O regime vem funcionando como um guia que orienta as decisões de política monetária e que assegura o poder de compra da moeda, que é a missão do Banco Central”, afirmou Tombini. “É o que o mercado estava esperando. Uma afirmação pública. Agora é uma questão de esperar e ver o timing de implementação disso”, analisa o economista-chefe do Modal, Felipe Tâmega. Segundo ele, uma boa indicação concreta de comprometimento com as metas seria uma indicação, no comunicado da próxima reunião do Copom em 8 de dezembro, de que o BC está desconfortável com o nível de preços.
“Na próxima ata, um discurso um pouco mais preocupado com o nível inflacionário corrente poderia abrir as portas para retomar a trajetória de alta nos juros no começo do ano”, afirma Tâmega. Mário Fleck, presidente da gestora de recursos Rio Bravo, mostra certo ceticismo quanto ao discurso feito hoje. “Pesam muito mais as ações do que as declarações, que não têm uma efetiva determinação sobre a configuração de cenários até se tornarem ações concretas”, destaca Fleck.