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Bolsa tem dia de mau humor com chuva em São Paulo e coronavírus

No coração financeiro do país, muitos funcionários não conseguiram chegar aos escritórios porque diversas vias ficaram alagadas

Bolsa de valores: sistemas remotos de transações foram acionados para garantir operação (Germano Lüders/Exame)

Bolsa de valores: sistemas remotos de transações foram acionados para garantir operação (Germano Lüders/Exame)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 10 de fevereiro de 2020 às 09h55.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2020 às 21h09.

Depois da morte do general iraniano e do coronavírus, a nova ameaça à bolsa brasileira neste início de 2020 é... um temporal. Os bancos e as corretoras de valores precisaram reorganizar as operações internas nesta segunda-feira chuvosa em São Paulo porque muitos funcionários não conseguiram chegar aos escritórios devido aos alagamentos nas ruas. As empresas dos demais setores estão calculando os prejuízos. Só no varejo, hoje, as perdas foram estimadas em 110 milhões de reais pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo.

Tendo começado o dia com um volume de transações baixo por conta do desânimo do investidor local diante dos transtornos causado pelo temporal, o mercado acionário brasileiro foi tomado pelos estrangeiros à tarde e terminou o dia com movimentação de 29 bilhões de reais, 22,4% mais do que a média diária de 23,7 bilhões de reais deste ano.

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, recuou 1,1%, para 112.570 pontos. A maior baixa foi da resseguradora IRB Brasil, cuja ação despencou 16,5%, para 33,01 reais após a gestora de investimentos Squadra reiterar que espera maiores quedas do papel. A maior alta foi da Itaúsa, controladora do banco Itaú, que subiu 2%, para 13,05 reais. O dólar comercial terminou o dia praticamente estável, vendido a 4,321 reais. Hoje, na volta dos chineses ao trabalho após mais de duas semanas de feriado forçado, os investidores no mundo inteiro seguem preocupados com o avanço do coronavírus e as incertezas sobre o impacto da epidemia na economia chinesa.

Da meia-noite até as 19 horas de hoje, choveram 90,3 milímetros na capital paulista, o equivalente e 41,7% da média histórica para fevereiro: 216,7 milímetros. Os dois grandes rios que cortam a capital paulista, o Pinheiros e o Tietê, transbordaram na madrugada. A maior parte das instituições financeiras se localiza na região da avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona sul, que tem na marginal Pinheiros uma das principais vias de desclocamentos.

No começo da noite, existiam 144 pontos de alagamento na cidade, mais do que pela manhã, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da prefeitura. O governo estadual pediu que a população não saia de casa, se possível. O banco Santander Brasil autorizou os funcionários do seu edifício sede, na marginal do rio Pinheiros, a trabalhar de casa (home office), assim como o banco de investimentos BTG Pactual e a corretora Necton.

Os sistemas que conectam as instituições financeiras à bolsa e aos investidores não sofreram abalos, e as plataformas que permitem transações remotas foram acionadas.

“A parte operacional está funcionando. Mas dois membros da minha equipe estão em casa”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton. Na Eleven Financial, a equipe também foi autorizada a trabalhar de casa. Estão presentes no escritório apenas os profissionais que moram próximo da região da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, onde está localizada a casa de análises de investimentos. O problema de locomoção causado pela chuva também afetou a gestora de investimentos Infinity Asset, que fica próxima ao metrô Vila Olímpia, bem perto da marginal Pinheiros. “Estou com metade do meu staff aqui”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity.

Amanhã, com a previsão de continuidade das chuvas, boa parte dos trabalhadores paulistas deve ficar em casa.

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