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Mercado castiga Petrobras por queda no lucro e produção

A produção da gigante estatal no Brasil recuou para uma média de 1,843 milhão de barris diários de petróleo em setembro, a menor desde abril de 2008


	Plataforma P-56 da Petrobras em Angra dos Reis: as ações preferenciais da Petrobras caíram 3,39 por cento no pregão desta segunda-feira
 (Ari Versiani/AFP)

Plataforma P-56 da Petrobras em Angra dos Reis: as ações preferenciais da Petrobras caíram 3,39 por cento no pregão desta segunda-feira (Ari Versiani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2012 às 20h34.

Rio de Janeiro - O fraco resultado no terceiro trimestre e o recuo na produção de petróleo em setembro para o menor nível em mais de quatro anos derrubaram as ações da Petrobras nesta segunda-feira e levantaram dúvidas sobre uma possível recuperação da empresa no curto prazo.

A produção da gigante estatal no Brasil recuou para uma média de 1,843 milhão de barris diários de petróleo em setembro, a menor desde abril de 2008, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira. Na sexta-feira, a empresa anunciou uma queda de 12 por cento no lucro líquido do terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2011.

Nem mesmo a reversão do prejuízo de 1,3 bilhão de reais no segundo trimestre --o primeiro em mais de 13 anos-- melhorou o sentimento em relação a empresa.

"Não gostamos dos números da Petrobras. Provavelmente o pior 'set' de dados já visto da empresa e, sem os itens não-recorrentes (do segundo trimestre), vemos manutenção da fraqueza", afirmou em relatório do Credit Suisse.

"Operacionalmente não houve melhora, pelo contrário, a performance operacional piorou uma vez que os preços subiram e mesmo assim a rentabilidade caiu. Vai tomar tempo para a empresa conseguir retomar o curso dos números melhores, e até lá não queremos tomar o risco", completou.

As ações preferenciais da Petrobras caíram 3,39 por cento no pregão desta segunda-feira -- a maior queda diária desde 31 de julho - e fecharam cotadas a 21,35 reais, o menor preço em sete semanas.


A analista do Itaú BBA, Paula Kovarsky, ressaltou em relatório que não houve melhorias operacionais na estatal. "Em vez disso, a produção caiu e os custos subiram." Em conferência com analistas e jornalistas para comentar o resultado do terceiro trimestre, a diretoria da Petrobras admitiu dificuldades operacionais, mas afirmou que espera que a estatal cumpra a meta de produção de petróleo em 2012.

O diretor Financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse ainda que a empresa trabalha com um novo reajuste dos preços dos combustíveis, mas não soube dizer em que data isso poderia ocorrer.

O governo permitiu aumento dos preços do diesel em 3,9 por cento e 6 por cento, em junho e julho, respectivamente, e um aumento da gasolina, no final de junho, de 7,83 por cento. Mesmo assim, a estatal continua trabalhando com preços desfasados em relação ao mercado externo.

Produção - O diretor de Exploração e Produção da empresa, José Miranda Formigli, disse que a expectativa é ter uma produção de 1,94 milhão de barris por dia em outubro e ultrapassar os 2 milhões de barris nos meses de novembro e dezembro, na tentativa de cumprimento da meta dos 2,022 milhões de barris, que tem uma margem de 2 por cento para cima ou para baixo.

Mas não há perspectiva de aumento da produção em 2013, de acordo com Formigli. Somente em 2014 haverá um aumento significativo de produção, disse o diretor da estatal.

Segundo ele, a queda da produção de petróleo ao longo do ano foi provocada em grande parte em função das paradas nas plataformas. Ele observou que elas foram mais longas do que o planejado.

Essas paradas provocaram uma redução na produção de 77 mil barris por dia de petróleo ao longo do terceiro trimestre de 2012.

Formigli disse ainda que a queda na produção em setembro também esteve associada a problemas operacionais na P-53 (Marlim), que já foram resolvidos, e também na P-57, que ainda estão pendentes.

Para novembro e dezembro a expectativa é melhor, com a entrada em produção do campo de Baleia Azul, no Espírito Santo, e sem as grandes paradas dos meses anteriores.


O diretor lembrou que a Petrobras tem problemas de ineficiência associados às plataformas da bacia de Campos, onde está a maior parte da produção do Brasil.

A produção de petróleo da companhia tem uma taxa de declínio de seus campos maduros de 11 por cento ao ano, em média. Segundo Formigli, esse declínio da produção é compensado parcialmente com a entrada de novos campos e com medidas de aumento da eficiência.

A Petrobras lançará dia 19 de novembro um programa de aumento de eficiência da unidade de negócios do Rio de Janeiro, que cuida dos maiores blocos da bacia de Campos, na tentativa de diminuir a queda da produção dos seus campos maduros.

Custos - A estatal apresentou um aumento de quase 30 por cento nos custos de extração, que passaram de 54 reais por barril no terceiro trimestre de 2011 para 70 reais por barril em média no período de julho a setembro de 2012, incluídas as participações governamentais.

"Maior gasto com pessoal, maiores intervenções em poços e menor produção fazem com que esses custos fiquem maiores", disse Barbassa, diretor financeiro da empresa.

A companhia está realizando um programa de redução de custos e deverá divulgar metas de corte de gastos em dezembro próximo.

Caixa - A boa notícia é que a Petrobras conseguiu incrementar o seu caixa em 7,5 bilhões de reais, obtendo a maior parte do montante com uma reestruturação financeira junto ao fundo de pensão dos funcionários da estatal.

Com o acordo com o Petros, entrou no caixa da estatal 5,8 bilhões de reais. Além disso, a Petrobras recebeu da Eletrobras o pagamento de uma dívida de 1,7 bilhão de reais feito, disse nesta segunda-feira o diretor Financeiro.

Segundo Barbassa, esses recursos já estão no caixa da companhia e aliviam a necessidade de acelerar os desinvestimentos e a captação de mais dinheiro via dívida.

A estatal anunciou um programa de desinvestimentos de 14,8 bilhões de dólares no período de 2012 a 2016, mas não está conseguindo avançar no processo.

O diretor financeiro da estatal se recusou a falar em que pé estão a vendas de ativos e informou que as negociações envolvem acordos de confidencialidade.

"Entendemos também que a aceleração dos desinvestimentos pode contribuir tanto com a redução do nível de alavancagem da empresa (2,4 vezes a dívida líquida/Ebitda no terceiro trimestre, próximo a meta de 2,5 vezes) como pode dar espaço ao incremento de dispêndios de capital contidos no plano de negócios", disse o Banco do Brasil em relatório.

É importante a empresa ter um nível de alavancagem controlado para a manutenção do grau de investimento da companhia.

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