Dilma Rousseff: a solução mais rápida, na visão dos analistas, seria o impeachment de Dilma (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2015 às 13h10.
Brasília/Cidade do México - O mercado acionário brasileiro deve seguir como um investimento de alto risco em 2016, com a turbulência política e incertezas sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff alimentando uma recessão histórica, segundo pesquisa da Reuters com economistas e estrategistas.
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, deve valorizar-se 10 por cento até o fim de 2016, para 50.000 pontos, segundo a mediana das projeções de 11 analistas consultados em pesquisa conduzida de 7 a 10 de dezembro. Essa valorização oferece menos ganhos do que a taxa de juros de curto prazo, de 14,25 por cento.
Na pesquisa de setembro, a mediana das projeções indicava o Ibovespa em 52 mil pontos no final de 2016. O índice acumula queda de 9 por cento este ano.
Os estrategistas sugerem um cenário mais sólido para a bolsa do México, onde a economia está se beneficiando do crescimento dos Estados Unidos, apesar das ações mexicanas já parecerem mais caras atualmente que as no Brasil.
A expectativa para o índice mexicano IPC é de que suba em 2016, com a mediana de 12 analistas indicando alta para 47.900 pontos até dezembro. Esse movimento representa ganho de 14 por cento ante o fechamento da sexta-feira, a 42.000 pontos.
Para o Brasil, a principal esperança de recuperação do cenário, segundo os estrategistas, é uma solução para atual crise política que está paralisando reformas econômicas necessárias para o ajuste fiscal.
A solução mais rápida, na visão dos analistas, seria o impeachment de Dilma, mas o processo iniciado este mês pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, provavelmente vai gerar turbulências políticas durante meses.
"A Bovespa deve testar novas mínimas no primeiro semestre de 2016, dado o cenário macro muito negativo. Entretanto, alertamos os investidores para não serem muito negativos", disse Felipe Hirai, estrategista do BofA Merrill Lynch.
No Brasil, investidores têm optado por ações defensivas, como a da processadora de pagamentos Cielo, que oferecem hedge natural contra a inflação de dois dígitos, e a exportadora de celulose Fibria, que se beneficia do dólar mais forte.
No México, a ação do Banorte, quarto maior banco do país em ativos, e a da engarrafadora Coca-Cola Femsa estão entre as que podem se beneficiar da esperada recuperação do crescimento econômico e do consumo em 2016, escreveu em relatório o estrategista Nur Cristiani, do JPMorgan.
Ele citou, porém, que as expectativas para os resultados das empresas para 2016 parecem muito elevados. Os investidores também devem considerar a chance de um aumento mais rápido que o esperado dos juros nos Estados Unidos, disseram os analistas.