A ingerência política é o principal fator apontado pelos profissionais de mercado para justificar a má performance dos papéis (AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2011 às 09h35.
São Paulo - Um ano após o início da negociação das ações ofertadas na megacapitalização da Petrobras, os papéis da estatal seguem aguardando um catalisador que possa impulsionar seus preços.
Apesar de a operação ter resultado em um aporte de R$ 120 bilhões, com ela a Petrobras apenas recuperou o valor de mercado que registrava no início de 2010. De lá para cá, no entanto, as ações seguiram pressionadas, tendo perdido, em 365 dias, mais de 20% do valor, conforme dados da Economática. Ao longo desse período, pesou sobre os papéis a "mão forte do governo" e o acirramento da crise na Europa.
A ingerência política é o principal fator apontado pelos profissionais de mercado ouvidos pela Agência Estado para justificar a má performance dos papéis. Para Henrique Kleine, da Magliano Corretora, a própria capitalização não foi bem vista pelo mercado. "A capitalização foi empurrada goela abaixo e o acionista que tinha ações da estatal foi obrigado a acompanhar a oferta para não ser diluído."
Com a capitalização, o governo recebeu R$ 32 bilhões, o que colaborou significativamente para que registrasse superávit primário no ano passado, apesar do forte aumento das despesas.
O governo seguiu interferindo na Petrobras ao longo deste ano, e a estatal não repassou para o preço dos combustíveis a forte alta das cotações de petróleo observadas ao longo do primeiro semestre, em meio aos problemas políticos enfrentados no Oriente Médio e norte da África.
Mas não é apenas a ingerência política que preocupa, o volume de capital necessário para fazer frente ao programa de investimentos da companhia também acende o sinal de alerta. A Petrobras prevê investir US$ 224 bilhões nos próximos cinco anos e o mercado prevê que a estatal precisará de mais recursos se quiser executar seu plano.