Mercados

Mantega cria expectativa, mexe com o mercado, mas não anuncia medidas

Dólar acentuou alta após convocação de coletiva de imprensa, mas moeda desacelerou ante ao real

"O governo está atento à essa questão do câmbio. Não permitiremos que o dólar derreta", destacou Mantega. (AGÊNCIA BRASIL)

"O governo está atento à essa questão do câmbio. Não permitiremos que o dólar derreta", destacou Mantega. (AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2011 às 16h15.

São Paulo – “Medida cambial não se anuncia, se faz”, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, frustrando um auditório lotado em Brasília, ávido por novas medidas de controle cambial que pudessem ser anunciadas para combater a tendência de apreciação da moeda brasileira em relação ao dólar. O ministro preferiu, desta vez, mostrar o comprometimento com a contenção de gastos na administração da nova presidente Dilma Rousseff.

“Estamos preparando uma redução de gastos orçamentários, que está sendo feito a partir de um estudo minucioso de cada ministério”, explicou. "Vamos reduzir gastos com passagens e diárias, com contratações de serviços e que vai atingir todos os itens de cada ministério", acrescentou Mantega. “Se realmente houver uma reforma e esta passar por uma redução de gastos do governo, é uma forma de sofrer uma desvalorização do real”, analisa Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora de câmbio Treviso.

Banco Central

Galhardo, contudo, criticou a forma com que Mantega mexeu com os mercados ao anunciar a entrevista coletiva para falar sobre o câmbio. Depois de abrir em alta de 0,24%, o dólar comercial passou a subir 1,48% após marcar o discurso para às 15h30. A moeda americana reduziu o ritmo de alta após as palavras do ministro e, há instantes, operava em valorização de 0,7%. Segundo Mantega, novas medidas ainda não estão maduras para serem anunciadas e que dispõe de “infinitas” medidas.

O governo está atento à essa questão do câmbio. Não permitiremos que o dólar derreta", destacou. “O Mantega tenta segurar o mercado no peito. Quando ele anunciou que iria falar com o mercado aberto era para assustar. Ele sabe que as medidas que ele precisa tomar, de qualquer forma, são as que pedem para aumentar a tributação para entrada de capitais para especulação. Ele pode fazer o swap reverso, que é a compra de dólares futuros, mas tudo isso tem um efeito paliativo”, opina Galhardo.

 O ministro falou também que parte da valorização do real deve-se ao ambiente vivido hoje no mundo, com a forte liquidez criada pelas medidas de estímulo nos EUA e a chamada guerra cambial, com a China desvalorizando a sua moeda de maneira artificial.

“Se de fato a economia americana ganhar peso e crescer um pouco mais do que está crescendo, o governo americano poderá cessar ou reduzir esse movimento monetário de expansão quantitativa e, daqui a algum tempo, começar a subir um pouco o juro. Até que isso aconteça o movimento poderá ser de desvalorização. E isso nos prejudica causando uma valorização do real que acende o sinal de alerta para a economia brasileira”, destacou.

Rádio EXAME: Dólar deve ficar mais caro ao longo do ano, prevê Gradual Investimentos

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólarGuido MantegaMercado financeiroMoedasPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Mercados

Shein e Temu crescem nos EUA com consumidores estocando produtos após tarifas de Trump

Heineken tem queda moderada nas vendas, mas receita supera expectativas

Nvidia enfrenta novo golpe com restrições de exportação de chips para a China

Bolsas europeias e asiáticas caem com incertezas comerciais dos EUA e balanços abaixo do esperado