Alto endividamento ainda incomoda os analistas (Claudio Rossi/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2012 às 13h32.
São Paulo – A entrada de 1,05 bilhão de reais no caixa do frigorífico Marfrig (MRFG3) com a oferta de ações ajuda a aliviar a situação financeira da empresa, mas não a retira de um nível desconfortável de endividamento. Cada uma das 131 milhões de ações foi vendida na operação a 8 reais, um desconto de 11% sobre o valor negociado em bolsa.
“Em resumo, acreditamos que o Marfrig ainda pode enfrentar um risco de refinanciamento, especialmente se continuar a queimar caixa”, ressaltam os analistas Thiago Duarte, Fabio Monteiro e Enrico Grimaldi, do BTG Pactual, em relatório. A empresa queimou 430 milhões de reais apenas no terceiro trimestre.
Os recursos captados terão dois destinos: 70% irá para a amortização parcial do saldo de dívidas de curto prazo e os 30% restantes para o equilíbrio da estrutura de capital. Ainda assim, de acordo com os cálculos do banco, a empresa continua com um alto índice de alavancagem e uma apertada disponibilidade de caixa para pagamentos de curto prazo.
Riscos
“Ainda vemos grandes riscos de execução relacionados ao processo de integração de várias aquisições (culminando com a recente incorporação dos ativos da BRF) e as mudanças na administração - nunca uma coisa boa para uma companhia com restrições de caixa, e um processo que pode comer mais caixa antes de trazer retornos”, explicam.
O grupo anunciou recentemente que Sérgio Rial, ex-diretor de Finanças da Cargill, irá assumir a função de CEO da Divisão de Negócios Seara Foods e, até janeiro de 2014, também vai ocupar a posição de CEO do Marfrig. Marcos Molina, atual controlador da empresa, ocupa o cargo de presidente do grupo e também do conselho de administração.
As mudanças são vistas como positivas, mas ainda não trouxeram notícias suficientes para mudar a visão de investimento. O preço-alvo de 10 reais foi reduzido para 9,50 reais e a recomendação neutra foi reiterada.