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Marca de luxo faz IPO e ganha seu "pior pesadelo" como acionista

Canada Goose, que usa penas de ganso e pele de coiote em alguns de seus produtos, terá um opositor à mesa de reuniões

 (Twitter/Peta/Reprodução)

(Twitter/Peta/Reprodução)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 16 de março de 2017 às 16h57.

Última atualização em 16 de março de 2017 às 17h46.

São Paulo - Conhecida por suas peças luxuosas de alta performance para o frio extremo, a marca Canada Goose estreou nas Bolsas de Valores de Nova York e de Toronto, nesta quinta-feira, arrecadando cerca de US$ 255 milhões, acima do esperado.

Mas o caminho para a expansão dos negócios não será tão alvissareiro. Junto com a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa ganhou um inimigo de peso como acionista – o grupo de defesa dos direitos dos animais People for the Ethical Treatment of Animals (Peta), que comprou US$ 4.000 em ações da empresa.

Com essa investida, a Peta espera se juntar às reuniões da administração e, a partir daí, fazer pressão para que a marca canadense acabe com a produção de artigos feitos com pele e pena de animais.

Alguns casacos e parcas da marca têm uma tira de pele de coiote no gorro e são preenchidos com penas de ganso, prática regulada pelas autoridades locais mas criticada por ambientalistas e defensores dos animais.

Na manhã desta quinta-feira, manifestantes do Peta protestaram do lado de fora das bolsas de valores de Nova York e Toronto, usando máscaras de coiotes e segurando cartazes onde se lia "Negociação de vidas é ruim para os negócios" e "Oferta pública indecente".

"A pele dos casacos do Canada Goose vem de coiotes que podem enfrentar uma morte longa e excruciante em armadilhas de aço", disse a diretora associada do Peta, Elisa Allen, em declaração no site do grupo. "Quem compra ou vende casacos de peles da empresa é responsável pelo sofrimento desses animais."

Segundo a Peta, as "armadilhas que são certificadas sob tratados internacionais incluem braçadeiras de aço para as pernas, armadilhas esmagadoras de cabeça e armadilhas que prendem o corpo e o pescoço, o que causa uma enorme quantidade de sofrimento aos animais".

A compra de participações em empresas para influenciar suas políticas não é novidade para a Peta, que tem uma história de ativismo que remonta a 1987.

O grupo possui ações de outros fabricantes de vestuário e de luxo como Lululemon e Prada, que usam pele animal exótica em seus produtos e, recentemente, comprou ações do grupo Louis Vuitton para lutar contra o uso de pele de crocodilo nos seus artigos.

"Nós usamos peles para a função em primeiro lugar [...] e sabemos que nossos clientes se preocupam com fontes éticas e sustentáveis", disse o presidente-executivo Dani Reiss à rede americana CNBC, em resposta aos protestos e destacando a resistência das roupas ao frio extremo.

O executivo disse ainda que a Canada Goose possui um programa que rastreia a origem de seus materiais, para garantir que são produzidos de forma "sustentável", e lembrou que a companhia vende muitos produtos que não usam a pele.

De acordo com a revista Fortuneo Canadá Goose advertiu os investidores antes das ofertas de IPO em Nova York e Toronto de que os ativistas dos direitos dos animais eram um risco comercial para a marca.

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