Karina Saade, CEO da BlackRock no Brasil: "É provável que fluxo estrangeiro para o Brasil continue em 2024" (BlackRock/Divulgação)
Repórter
Publicado em 14 de dezembro de 2023 às 14h46.
Última atualização em 14 de dezembro de 2023 às 14h48.
A B3 caminha para encerrar 2023 com um saldo positivo de mais de R$ 40 bilhões em capital externo. Este é o quarto ano consecutivo de entrada de estrangeiros e, para 2024, a perspectiva da BlackRock é a de que investidores globais aumentem ainda mais a aposta na bolsa brasileira. A gestora é a maior do mundo, com cerca de US$ 9 trilhões sob gestão, o equivalente a quatro vezes o produto interno bruto (PIB) do Brasil.
"Minha visão é otimista em relação aos fluxos para o Brasil. O investidor de emergente não quer mais China, que concentrava 40% desses fluxos. Esse dinheiro será redirecionado para Índia, México e o Brasil. E o Brasil, nessa lista, aparece em posição de vantagem", afirmou Karina Saade, CEO da BlackRock Brasil, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, 14.
A melhor posição relativa, disse Saade, é justificada pela liquidez do mercado brasileiro e nível de preços. "Todo mundo gosta da Índia, mas os preços estão caros e não tem muita liquidez, assim como o México, que embora sólido, tem um mercado com pouca profundidade. O Brasil é o país mais líquido e tem mostrado protagonismo no processo de transição energética,"
Saade ainda ressalta que os fundamentos da economia brasileira estão "razoavelmente sólidos". Para 2024, a previsão da BlackRock é de que o PIB do Brasil cresça 1,5%, a inflação fique em 4% e a Selic, hoje em 11,75%, caia para 9,75%. "Mas a questão fiscal é o principal ponto de risco para o ano que vem. É preciso haver progresso contínuo. Qualquer reversão pode ser um obstáculo para a entrada de estrangeiros"
A maior porção do investimento estrangeiro na B3 tem vindo de fundos focados em mercados emergentes com estratégias de curto prazo, segundo a CEO da BlackRock Brasil. "É possível que esse dinheiro saia no ano que vem. Mas acredito que seja improvável. O mais provável é que aumentem os investimentos no país", disse.
O gestor global da BlackRock Russ Koesterich também está otimista em investir no Brasil. Mas, para ele, a melhor oportunidade ainda estão nos títulos públicos. "O Brasil é uma de nossas maiores posições do fundo devido ao juro real, que está muito alto."
Russ Koesterich tem o mandato para investir em diferentes mercados de qualquer região do mundo. No mercado de ações, sua preferência é pelo americano, que ainda vê como bastante atrativo, dado a resiliência da economia local e perspectiva de queda de juros para o ano que vem.
"Há interesse nos mercados emergentes, especialmente se 2024 for um ano em que o Fed reduzirá as taxas de juros. São fatores que normalmente beneficiam os fluxos para os mercados emergentes. O cenário para os mercados emergentes se tornará mais atraente em 2024, tanto em renda fixa quanto em ações, se observarmos uma mudança do aperto monetário para a flexibilização monetária."