Moedas de um real: O real perdeu 12 % neste trimestre até 22 de junho, a maior queda entre as 31 moedas mais negociadas acompanhadas pela Bloomberg (Bruno Domingos/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2012 às 17h32.
Nova York/ Londres - Os maiores mercados emergentes, cujas economias cresceram mais de quatro vezes na última década, estão provocando perdas por todas as partes, dos bancos centrais à Procter & Gamble Co., com suas moedas registrando as maiores quedas desde pelo menos 1998.
Pela primeira vez em 13 anos, real, rublo e rúpia registram as maiores quedas entre as moedas dos principais países em desenvolvimento, enquanto o yuan teve a maior depreciação desde a desvalorização de 1994. A P&G, maior fabricante mundial de bens de consumo, cortou sua previsão de lucro pelsa segunda vez em dois meses na semana passada em parte por causa das perdas das moedas. A Fibria Celulose SA, maior fabricante de celulose, pediu aos bancos que aliviem as restrições a empréstimos em dólar com o real batendo o nível mais baixo em três anos.
Os investidores estão abandonando os quatro maiores mercados emergentes, conhecidos como BRIC, após a taxa de inadimplência no Brasil ter atingido o nível mais alto desde 2009, os preços das exportações de petróleo da Rússia caírem ao menor patamar em 18 meses, o déficit fiscal da Índia ter aumentado e os preços dos imóveis chineses terem desabado. Os investidores estão se preparando para mais perdas diante da desaceleração das economias.
“Estou um pouco pessimista”, disse Stephen Jen, sócio- gerente do fundo de hedge SLJ Macro Partners LLP e ex-economista do Fundo Monetário Internacional, em entrevista por telefone de Londres. “Quando a economia global e os fluxos de capital desaceleram, uma série de problemas será exposta nesses países levando as pessoas a parar e questionar. Uma corrida cambial seria particularmente ruim.”
Moedas do Brasil, Rússia e Índia provavelmente vão cair pelo menos mais 15 % até o final do ano, disse Jen, ex- chefe de pesquisa de câmbio global no Morgan Stanley.
O real perdeu 12 % neste trimestre até 22 de junho, a maior queda entre as 31 moedas mais negociadas acompanhadas pela Bloomberg. As depreciações de 11,5 % do rublo e de 10 % da rúpia são quase o dobro da queda do euro. O yuan, que se manteve estável durante a crise financeira global de 2008 e 2009, caiu 1,2 % desde março após o governo ampliar a banda de flutuação diária da moeda.
O rublo caiu 2,4 % na semana passada, enquanto a rúpia perdeu 2,9 % para a mínima em relação ao dólar, e o real depreciou 0,8 %.