Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 31 de agosto de 2022 às 18h43.
Última atualização em 31 de agosto de 2022 às 18h44.
O mês de agosto terminou agridoce para a bolsa brasileira. Embora tenha acumulado ganhos de quase 6,2% no período, o índice fechou o mês em tendência negativa, com investidores preocupados com a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que pode ficar mais restritiva para conter a inflação.
Para o Banco Central brasileiro, no entanto, o cenário parece ser o oposto. O mercado tem apostado cada vez mais na estabilização da taxa básica de juros, a Selic, após o último aumento, para 13,75% ao ano.
A decisão beneficiou as empresas associadas à economia doméstica e companhias de crescimento, ambas mais afetadas pela taxa de juros. Com a perspectiva de que as taxas vão parar de subir, investidores voltaram a olhar para os papéis dessas companhias.
Entre as maiores altas, estão as ações das empresas de tecnologia Positivo (POSI3), Locaweb (LWSA3) e Méliuz (CASH3), além das varejistas Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3).
No caso da Positivo, que saltou 76% no mês, os papéis se beneficiam ainda do resultado do segundo trimestre da empresa, que teve avanço de 75,6% no lucro líquido, para R$ 90,5 milhões de reais.
A temporada de balanços, a propósito, também influenciou os papéis do Magalu, que fortaleceram os ganhos após a divulgação do último resultado. As ações da companhia saltaram 18% logo após o balanço, mesmo com a divulgação de um prejuízo de R$ 135 milhões no período, impactado pela alta da inflação e dos juros.
Analistas reforçam que a empresa teve uma melhora na geração de caixa, e que as perspectivas são positivas para os próximos meses considerando ganhos com eventos sazonais como a Copa do Mundo.
As 10 maiores altas do Ibovespa em agosto | |||
Nome | Código |
Retorno em agosto | |
1 | Positivo | POSI3 |
76,79% |
2 | Magazine Luiza | MGLU3 |
56,99% |
3 | Azul | AZUL4 |
39,39% |
4 | Pão de Açúcar | PCAR3 |
35,49% |
5 | Grupo Soma | SOMA3 |
36,50% |
6 | Via | VIIA3 |
32,52% |
7 | Locaweb | LWSA3 |
31,97% |
8 | Cielo | CIEL3 |
28,50% |
9 | Méliuz | CASH3 |
23,58% |
10 | Hapvida | HAPV3 |
18,95% |
Fonte: B3 |
Em um mês majoritariamente positivo, a principal queda de agosto ficou com o IRB (IRBR3) que desabou 14,58% no mês – apenas nesta semana, a queda é ainda maior, de 18,41% no pregão desta semana.
O ressegurador acumula um histórico turbulento desde antes da pandemia que envolve escândalos na governança da empresa, como transações irregulares envolvendo ex-diretores da empresa e fraudes.
Neste mês, o papel do IRB voltou ao radar com o anúncio de um follow-on de R$ 1,2 bilhão.
“Para atender a exigências regulatórias, acaba se vendo obrigada a realizar uma oferta de ações para se capitalizar, sob risco de sofrer intervenção da SUSEP [reguladora do mercado de seguros]. Como o humor do mercado com a empresa não é dos melhores e o timing não ajuda, a oferta vem com um desconto relevante sob os preços de mercado”, avalia João Vítor Freitas, analista da Toro Investimentos.
Outra ação a amargar perdas foi a Braskem (BRKM5). A companhia começou o mês com o pé esquerdo após negar que existem avanços para que a Novonor (ex-Odebrecht) e a Petrobras vendam suas participações na petroquímica.
O desinvestimento é aguardado com ansiedade por investidores desde o ano passado. Em dezembro, a Petrobras aprovou o modelo de venda de até 100% das ações que detém na petroquímica via oferta pública secundária (follow-on). A petroleira tem uma fatia de 36,15% na petroquímica, enquanto a Novonor detém participação de 38,4%.
As 10 maiores quedas do Ibovespa em agosto | |||
Nome | Código |
Retorno em agosto | |
1 | IRB | IRBR3 |
-14,58% |
2 | Braskem | BRKM5 |
-12,15% |
3 | Engie | EGIE3 |
-8,85% |
4 | Yduqs | YDUQ3 |
-8,41% |
5 | Telefônica | VIVT3 |
-7,78% |
6 | JBS | JBSS3 |
-6,98% |
7 | Suzano | SUZB3 |
-6,76% |
8 | Natura | NTCO3 |
-6,00% |
9 | Qualicorp | QUAL3 |
-5,31% |
10 | Vale | VALE3 |
-5,26% |
Fonte: B3 |