O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel: "É possível que tenha algum ajuste de portfólio, quem ia para bolsa vai para renda fixa. É natural", afirmou (Elza Fiúza/ABr)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2013 às 14h27.
Brasília - O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, explicou nesta que a revisão na projeção para investimentos em renda fixa em 2013 de US$ 5 bilhões para US$ 12 bilhões foi motivada basicamente pelo fim da cobrança de IOF sobre essas operações.
"Não fizemos alteração em ações, mas fizemos uma mudança importante na conta de título no País", comparou Maciel. "Naturalmente, essas aplicações terão influência do IOF", continuou. Para as ações, a perspectiva foi mantida em US$ 10 bilhões.
O técnico salientou ser possível haver neste momento uma mudança de interesse por parte do investidor estrangeiro no tipo de aplicação que fará no Brasil.
"É possível que tenha algum ajuste de portfólio, quem ia para bolsa vai para renda fixa. É natural. É possível que resultados parciais de junho, em alguma medida, espelhem isso", comentou. Mais cedo, Maciel informou que, até o dia 19 de junho, o investimento externo em renda fixa somou US$ 4,913 bilhões, mas que em ações houve uma saída de US$ 3,515 bilhões.
Maciel disse também que a principal mudança na projeção do BC para transações correntes em 2013 é o saldo da balança comercial , que passou de uma expectativa de superávit de US$ 15 bilhões para US$ 7 bilhões.
"Foram revistas as previsões para exportações, principalmente, e também para as importações", pontuou. Ele lembrou que os primeiros dados de junho revelam que a balança comercial já mostra-se um pouco melhor. "Esperamos que, até o final do ano, o recuo de 2,8% das exportações se reverta para um crescimento moderado de 2,2%", disse sobre o resultado de 2013 em relação ao ano anterior.
Em serviços, de acordo com o chefe de departamento, as mudanças nas projeções foram pontuais. Ele citou que espera um crescimento para viagens internacionais em 2013 bem menor do que o visto de janeiro a maio, algo em torno de 20%. "No segundo semestre, a base de comparação passa a ser bem diferente e, além disso, tem o movimento do câmbio", considerou.
No caso de Investimento Brasileiro Direto (IBD), a mudança foi de uma saída de US$ 10 bilhões em 2013 para um saldo zerado (US$ 0,00). "Fizemos a mudança porque houve uma alteração no empréstimo intercompanhia. Houve um ingresso no mês de maio superior a US$ 8 bilhões de uma empresa do setor extrativo mineral", disse.
"É importante dizer que consideramos a ampliação de capital brasileiro em empresas no exterior. Este é um processo que vem ocorrendo há algum tempo e tende a seguir", continuou.
Para ele, em resumo, os investimentos brasileiros continuam, mas devem ser neutralizados por empréstimo intercompanhia. Não houve mudança nas projeções de Investimento Estrangeiro Direto (IED), de US$ 65 bilhões até o final do ano, porque, segundo ele, os resultados mensais estão em linha com as projeções iniciais do Banco. Maciel disse que há disseminação de entradas de recursos de IED por diversos segmentos produtivos e que prepondera ainda os fluxos voltados para o setor de serviços.