Alexandre Riccio, vice-presidente do Inter (Inter/Divulgação)
Repórter
Publicado em 6 de novembro de 2023 às 09h01.
Última atualização em 6 de novembro de 2023 às 09h02.
O Banco Inter registrou mais um lucro recorde no balanço do terceiro trimestre divulgado nesta segunda-feira. A linha final do resultado foi R$ 104 milhões ante o prejuízo líquido de R$ 29,6 milhões do mesmo período do ano passado. O número representa um grande avanço mesmo comparado ao trimestre anterior, quando o lucro líquido do Inter foi de R$ 64 milhões.
Os resultados crescentes, explicou Alexandre Riccio, vice-presidente do Banco Inter, fazem parte de uma nova fase da instituição: a da lucratividade. "Tivemos uma primeira fase muito focada em crescimento. A partir de 2022, não paramos de crescer, mas viramos a chave para a rentabilidade do negócio. Esse ajuste não produz resultados imediatos, mas temos evoluído com sucesso", afirmou Riccio em entrevista à Exame Invest. O retorno sobre capital (ROE, na sigla em inglês) do Inter foi de 5,7%, o maior de sua história. Até 2027, o objetivo é chegar a um ROE de 30%.
"Neste início, o percentual de crescimento é bastante expressivo, porque o lucro nominal não é muito grande. Não vamos, necessariamente, crescer na mesma magnitude. Mas vamos continuar em uma tendência de crescimento."
No trimestre, o Banco Inter adicionou mais 1,6 milhão de usurários à sua plataforma, que chegou a 29,4 milhões de clientes. A meta para 2027 é alcançar 60 milhões. Para rentabilizar essa base de clientes, o Banco Inter tem buscado estratégias para mantê-los ativos em sua plataforma.
A taxa de ativação das contas do Banco Inter terminou o setembro em 52,7%. Mas a tendência, dado a dinâmica do último trimestre, é de que esse percentual cresça ao longo do tempo. Dos 1,6 milhão de novos clientes que o banco colocou para dentro, cerca de 62,5% se tornaram ativos.
Uma das estratégias para manter o cliente ativo na plataforma, contou o vice-presidente do Inter, foi reduzir o período entre a criação da conta e a disponibilização do crédito. "O cliente ficava sabendo qual era seu limite de crédito em até 36 horas da abertura de conta. Hoje, isso ocorre logo imediatamente."
Outro ponto importante para a melhorar a taxa de ativação do Banco Inter foi a criação do programa de milhas Loop.
O primeiro modelo criado pelo banco para manter os cliente ativos em sua plataforma foi o cashback. Hoje, o Inter oferece milhas para os clientes que utilizam o cartão de crédito e conta corrente. Mas o cliente ainda tem a opção do cashaback, no resgate dos pontos.
"Não queríamos deixar de agradar o cliente do cashback, mas queríamos dar mais flexibilidade para os que queriam milhas. O Loop tem sido um indutor para a abertura de contas e atividade no cartão de crédito".
A estratégia, comentou Riccio, é um "ganha-ganha". Do lado do cliente, ganham aqueles que queriam milhas para trocar por produtos. Do lado do banco, o ganho está no período para a entrega dos créditos. Isso porque a liquidação do cashback ocorria na hora, enquanto o resgate das milhas é feito posteriormente. "Há um diferimento no fluxo de caixa, uma diferença temporal. Então, ganhamos com isso. A tendência é migrarmos o cashback que ainda temos em nossas plataformas para pontos", disse.
Essa maior interação dos clientes contribuiu para o crescimento de 39% na receita bruta para R$ 2,1 bilhões. O índice de eficiência, que é a divisão das despesas operacionais pela receita do banco, foi de 52,4%, 1 ponto percentual acima do trimestre anterior. A previsão do Inter é de que esse índice caia para 30% em quatro anos.
A carteira de crédito do Inter terminou o trimestre em R$ 28,5 bilhões, representando um crescimento de 7%. Impulsionaram a carteira de crédito do Inter os empréstimos atrelados ao saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), de imóveis com garantia e em cartão de crédito.
O que tem contribuído para o constante aumento da carteira de crédito, além da chegada de novos clientes, tem sido a melhor eficiência em sua distribuição. "Temos reduzido os limites onde o risco é mais alto e fornecido para aqueles que podem ter mais crédito. Junto com o Loop, que incentiva o uso do limite, temos puxado o crescimento da carteira."
Na parte de inadimplência, o custo de risco caiu 30 pontos percentuais para 5,9% "Essa redução do custo de risco não veio acompanhada de um menor índice de cobertura, que cresceu de 130% para 132%". Esse índice representa o quanto o banco tem de provisão contra perdas dividido pelos créditos com mais de 90 dias de atraso.
Riccio conta que a inadimplência, que, por motivações macroecômicas, subiu trimestres anteriores, já passou pelo ponto inflexão. "No terceiro trimestre, houve estabilidade em ativos com mais de 90 dias de atraso e de 15 a 90 dias. A taxa de juros está caindo. Devemos ver uma queda da inadimplência a partir do quarto trimestre."